Os funcionários do Metrô de São Paulo, da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp (BVMF:SBSP3) (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) fazem nesta 3ª feira (3.out.2023) uma greve unificada para contestar a privatização dos serviços. Eles afirmam que transferir o controle do poder público para a iniciativa privada deve encarecer as tarifas e piorar a qualidade dos serviços.
Na estação Barra Funda, onde é possível embarcar em linhas de trem, ônibus e metrô, lideranças de movimentos que apoiam a greve se organizaram para explicar à população da capital paulista no que a privatização acarretaria, além de informar os motivos da greve. Sé pelo metrô da Barra Funda transitam, em média, cerca de 60.000 passageiros por hora em momentos de pico.
“Não existe greve ilegal. Não é só por direitos, é por melhoria de serviços. Rico não trabalha, pobre trabalha. A pobreza enriquece o país e não tem o direito de circular no país”, discursou uma liderança popular ao microfone, em meio a alguns protestos de transeuntes que demonstraram irritação e incompreensão quanto à greve.
Contra a privatização
Raquel Brito, que integra o diretório da Unidade Popular na capital, afirmou à Agência Brasil que a mobilização visa esclarecer que todos perdem com a privatização. “As empresas públicas são patrimônios. Privatizar é muito ruim, inclusive para os usuários. A empresa privada tem como meta o lucro e isso faz com que o serviço piore e a tarifa aumente. A greve é um instrumento histórico de luta e tudo o que se conseguiu de direitos foi por meio dela”, argumentou.
A operadora de máquinas fixas Genilda Matos, empregada em uma fábrica de produção e manutenção de equipamentos cirúrgicos, sabia que haveria paralisação do transporte, mas não tinha a informação que a linha que pega todos os dias estaria indisponível. Ela mora na Zona Norte e trabalha na Vila Prudente, Zona Leste da capital. Utiliza 3 linhas de ônibus e uma de trem para se deslocar de casa ao trabalho. “Não tenho como trabalhar de casa e também não sei chegar de ônibus ao trabalho. Mas meu patrão entende a situação”, explicou.
Questionada sobre sua posição quanto à privatização, Genilda demonstrou surpresa: “O que é privatização? Sobre isso, não sei nem o que responder”. Quando a reportagem explicou os possíveis efeitos da desestatização citados pelo sindicato, ela avaliou: “É isso não é bom mesmo”.
Linha vermelha paralisada
A técnica em farmácia Denise da Silva faz o percurso de casa, no município de Barueri, até o trabalho, no bairro da Penha, na Zona Leste da capital, usando a Linha 3 – Vermelha, que está paralisada. “Sei que os trabalhadores precisam ter melhores salários e melhor serviço, mas a greve prejudica a gente também. Acho que, se houvesse outras alternativas para se fazer isso [a reivindicação], seria bom”, disse ela, que acrescenta que conhece pessoas que dependem das linhas de transporte já privatizadas, como a 8 e a 9 do trem, e relatam ter problemas diários como lentidão. Além disso, ela reconhece que há chances de a privatização aumentar a tarifa dos serviços.
A técnica de enfermagem Eni Duarte reside em Itapevi e vai todos os dias até a Penha de transporte público. O tempo médio que gasta fazendo o trajeto é de uma hora, entre uma linha de trem e outra de metrô. Ela se diz a favor da greve e contra a privatização.
“Porque você privatizando, a tarifa acaba aumentando. Por exemplo, a energia elétrica. Com a privatização, acaba saindo do nosso controle. Não dos empresários, mas da gente, sim”, observou.
“A greve é uma forma de luta, e a população não entende. As pessoas não procuram saber a causa da greve. Claro que, quando subir a tarifa, vão procurar saber. Aí já é tarde. O brasileiro não procura se mobilizar coletivamente”, finalizou.
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Com informações da Agência Brasil.