O Brasil conta com sistemas de transporte urbano de passageiros sobre trilhos em apenas 12 das 27 capitais. Há ainda outros 3 sistemas de VLT (veículo leve sobre trilhos) em municípios do interior. O país deve fechar 2023 com uma malha metroferroviária de 1.145 quilômetros, concentrada em 15 cidades e regiões metropolitanas.
A maior malha está localizada em São Paulo, com 377,2 quilômetros e 187 estações somando as linhas de metrô, trens urbanos e monotriho. Em 2º lugar fica o Rio de Janeiro, com uma rede integrada de 287,5 quilômetros. No Sudeste, outra capital que conta com o modal é Belo Horizonte.
No Nordeste, 7 das 9 regiões metropolitanas contam com metrô. Por outro lado, na região Sul, só uma capital tem metrô: Porto Alegre. No Centro-Oeste, das 4 capitais, só Brasília tem linhas para transporte de passageiros por trilhos. Na região Norte, nenhuma.
A maioria dos sistemas ainda é operada por estatais, sejam estaduais (caso de São Paulo, por exemplo) ou federais, como a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), que atua na maioria das capitais do Nordeste.
Nos últimos 10 anos, houve duas privatizações de sistemas: Salvador (2013) e Belo Horizonte (2022). Também foram feitas concessões de linhas de metrôs e trens em São Paulo, operadas atualmente pela ViaMobilidade, do grupo CCR (BVMF:CCRO3).
Expansão da malha
O Brasil deve fechar 2023 com 1.145 quilômetros de trilhos de transporte urbano de passageiros, considerando inaugurações previstas até dezembro. Na última década, a malha metroferroviária nacional cresceu 17% em extensão, com uma média de construção de 17,3 km por ano.Em comparação com 2022, o ano atual deve ter um incremento de 15,6 quilômetros de novos trilhos. Os dados são da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos) e consideram metrôs, trens urbanos, VLTs (veículos leves sobre trilhos) e monotrilhos. Eis a íntegra do relatório (PDF – 14 MB).
Os números mostram que o ritmo de expansão da malha retornou à fase pré-pandemia. Em 2020 e 2021, a rede nacional ficou estagnada. De 2014 a 2018, o crescimento chegou a superar 30 km por ano. Roberta Marchesi, diretora-executiva da ANPTrilhos, afirma que os investimentos em ampliação nos últimos anos foram pontuais e focados em São Paulo, Salvador e Rio de Janeiro.
“Tivemos uma estagnação no período da pandemia. De 2020 até o início deste ano, o setor metroferroviário viveu a maior crise da história. Chegamos a perder 85% da demanda nos picos da crise. Em 2020 ainda tínhamos investimentos que já estavam em andamento. Depois, os governos paralisaram. Agora o que vemos ainda não é uma retomada dos investimentos, mas a continuidade dos investimentos que já estavam previstos antes da pandemia“, diz.
O Metrô de Salvador, privatizado em 2013, foi um dos que puxou o crescimento da malha por investimentos em expansão determinados no contrato. Também houve investimentos em São Paulo. O restante dos sistemas praticamente não avançou. A única linha nova construída na última década foi no Rio (linha 4), inaugurada em 2016.
Marchesi pondera que o crescimento da malha ainda é aquém da demanda nas grandes cidades. “No Brasil, temos 19 cidades acima de 1 milhão de habitantes, mas apenas 8 delas tem transporte sobre trilhos. Não é à toa que nossas médias e grandes cidades estão enfrentando graves problemas de mobilidade e trânsito. Porque acabam optando por projetos mais fáceis, rápidos e baratos, mas que não resolvem de forma eficiente e se mostram apenas paliativos”.
Obras
O mapeamento da ANPTrilhos mostra que há pelo menos 13 obras em andamento para ampliar a malha metroferroviária no país. Dentre os destaques, estão novas linhas do Metrô de São Paulo. São elas a 6-Laranja, que levará trilhos até a região da Brasilândia, e a 17-Ouro, no modelo de monotrilho, que conectará o sistema ao Aeroporto de Congonhas.Também há obras em andamento nos sistemas de Salvador (linha 1 e VLT), Santos (VLT da Baixada), Natal (linhas branca e roxa) e Fortaleza (lista leste e ramal aeroporto).
Há outros projetos devem ter a execução iniciada a partir de 2024, como a expansão do Metrô de Belo Horizonte, privatizado em 2022, e a extensão do ramal Samambaia no Distrito Federal.