Os juros futuros fecharam o dia em alta, passando a subir à tarde nos vértices intermediários e longos, após terem oscilado em torno dos ajustes anteriores pela manhã. Na primeira etapa, todas as taxas se movimentavam lateralmente na falta de um condutor forte para os negócios vindo do noticiário ou agenda e pela expectativa pelos eventos desta terça-feira - ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril. À tarde, o aumento da pressão dos Treasuries retirou as taxas a partir de janeiro de 2024 da linha d'água, mas a ponta curta seguiu perto dos ajustes anteriores.
O câmbio continuou bem comportado - o dólar chegou a furar os R$ 5,20 nas mínimas -, mas com efeito limitado sobre a curva. Ao mesmo tempo, os ruídos políticos que cresceram no fim de semana com a revelação feita pelo Estadão de um "orçamento secreto" do governo no valor de R$ 3 bilhões para contemplar ações patrocinadas por um grupo de parlamentares não chegaram a abalar o mercado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 4,84%, de 4,854% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 8,075% para 8,16%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 8,71%, de 8,644%.
Quando questionado sobre o que havia piorado o humor dos ativos a partir da última hora da sessão regular, o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima, respondeu que o mercado local passou a acompanhar os Treasuries na falta de destaques no noticiário. "Não tem mudança de fundamentos", disse.
No exterior, o debate sobre a política monetária norte-americana esquentou após o payroll (dado de emprego norte-americano) bastante fraco na sexta-feira, com análises de que o quadro deve se reverter no curto prazo, o que tem apoiado a movimentação dos títulos americanos.
O yield da T-Note de dez anos voltou a 1,60%. Pesquisa divulgada pelo Centro de Dados Microeconômicos do Federal Reserve de Nova York mostrou que a mediana das expectativas de inflação para daqui um ano nos Estados Unidos aumentou de 3,2% em março para 3,4% em abril, no nível mais alto desde setembro de 2013.
Internamente, o compasso de espera pela ata do Copom na terça ajudou a travar o mercado em boa parte do dia, dada a ausência de consenso na leitura do comunicado da decisão.
"(A ata) pode levar a revisões de quem achou o comunicado mais para o hawk ou mais para o dove", assinalou o Banco Fator, em relatório. Junto com a ata, o IPCA de abril deve orientar o rumo das taxas já na abertura. A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de 0,29%, ante 0,93% em março.