Investing.com — As ações do Grupo Casas Bahia (BVMF:BHIA3) subiam na manhã desta quarta-feira, 27, mesmo após a companhia anunciar mudanças na gestão. Às 11h18 (de Brasília), a valorização era de 3,33%, a R$0,62. No entanto, como a ação pode ser considerada uma penny stock, ou seja, com valor muito baixo, inferior a R$1, as oscilações tentem a ser maiores. Em um ano, os papéis já caíram 79% e, somente no último mês, 60%.
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Na noite desta terça, 26, a varejista informou que seu vice-presidente comercial e de operações, Abel Vieira, renunciou ao cargo, com saída imediata. O executivo havia sido eleito em 3 de maio deste ano.
Em comunicado ao mercado, a companhia apontou que o diretor presidente deve indicar outro nome para assumir de forma interina até que o Conselho de Administração eleja um novo diretor para preencher o cargo.
“Abel Ornelas Vieira encerrará o seu ciclo como diretor na companhia após quatro anos de inestimável trabalho, dedicação e contribuição ao Grupo Casas Bahia, pelos quais a companhia declara sua mais profunda admiração e gratidão”, completa a varejista.
João Lucas Tonello, analista de investimentos da Benndorf Research, lembra que o executivo teve mais de 40 anos de experiencia no setor de varejo, passando por outras concorrentes como Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) e até Pernambucanas. “A saída se dá em mínimas históricas do ativo, o qual acumula queda de 70% apenas no ano de 2023”, destaca.
Na opinião do analista, ainda que notícias do tipo tendam a ser percebidas com desconfiança pelo mercado, a companhia não deve ser afetada, visto que já estaria “bastante sucateada de notícias negativas no setor. Seria apenas mais uma negativa no meio de tantas, não fazendo com que o ativo deva perder muito mais força”.
Segundo o analista da Benndorf, a tendencia do ativo deve continuar para baixo, com uma operação complicada. “Analisando pelo lado matemático, faria bastante sentido a empresa fechar capital”, conclui.
Fernando Bresciani, analista do Andbank, completa que a Casas Bahia sofreu com os juros altos. “Juro alto impacta no varejo, principalmente no segmento em que ela atua, de eletroeletrônicos. Vendeu muito durante a pandemia, o juro subiu, os estoques encalharam. Isso demora para voltar, é esperado para o ano que vem, não para agora”.
Bresciani recorda que a companhia anunciou redução do número de lojas e efetuou um follow-on para ter liquidez durante esse período de transição até um período de juros menores. “Provavelmente, essa gestão se vê num cenário difícil, não conseguindo entregar o que gostaria e é natural que a equipe saia, a empresa ainda precisa fazer o dever de casa para sobreviver por mais alguns meses”. A expectativa do analista é de que o setor comece a ter um processo de recuperação, assim como as ações, mas não a curto prazo.