Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O clima adverso para a safra de soja 2023/24 do Brasil acende um alerta para o mercado, mas apesar das dificuldades neste início de temporada, com uma falta de chuvas no centro-norte do país, a expectativa ainda é de uma colheita recorde no maior produtor e exportador global da oleaginosa, disse um diretor da trading e processadora de produtos agrícolas ADM.
"Realmente é um momento de alerta, preocupante em várias propriedades, em várias regiões, as chuvas chegaram mais tarde e vêm ocorrendo de maneira irregular", afirmou o diretor de Grãos da ADM para a América do Sul, Luciano Souza, durante uma entrevista à Reuters para anunciar um programa de agricultura regenerativa da empresa.
"Tivemos nos últimos dez dias uma sequência de altas temperaturas, e havia expectativa muito grande sobre chuvas que deveriam ocorrer neste final de semana... que não chegaram com abrangência necessária nem com a intensidade necessária (no centro-norte do país)", afirmou ele.
Ele disse ainda que se trata de uma safra "difícil" porque o clima irregular faz com que numa mesma propriedade existam talhões que receberam boas chuvas e outros com déficit hídrico.
"A gente olha para os modelos climáticos, e o cenário persiste, vamos continuar recebendo muita chuva no Sul, o que tem sido também um problema para o Sul e temos chuvas irregulares nas demais regiões."
Essa situação tem atrasado o plantio em todo o Brasil.
"Não temos nenhum número alarmista e negativo, o cenário hoje é preocupante, é triste em muitas fazendas, mas é um cenário de safra recorde, mas claro temos de acompanhar a evolução nos próximos dias e próxima semanas", declarou.
Ele lembrou que, se as produtividades podem cair, por outro lado a área plantada está aumentando na safra 2023/24, e se espera uma safra maior no Rio Grande do Sul.
Uma previsão mais clara sobre a safra só poderá ser dada nas próximas semanas.
Nesta terça-feira, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) manteve a previsão da safra de soja do Brasil ainda em recorde de 164,7 milhões de toneladas, contra 157,7 milhões de toneladas da colheita de 2023.
Mas a Abiove afirmou que reavaliará os efeitos climáticos sobre a produção de soja do Brasil nas estimativas que serão divulgadas em dezembro.
EXPORTAÇÃO
Após investimentos nos últimos anos no porto de Santos, a ADM projeta elevar as exportações de soja, milho e farelo de soja pelo seu terminal para mais de 8 milhões de toneladas em 2023, versus cerca de 6 milhões de toneladas em 2022, segundo o executivo da multinacional.
Ele ainda projeta elevar exportações de grãos e farelo de soja pelo porto paulista para 8,3 milhões de toneladas em 2024.
"Tivemos um investimento que melhorou muito a produtividade e a sustentabilidade", afirmou.
A soja responde pelos maiores volumes embarcados, disse ele, sem detalhar.
(Por Roberto Samora)