Por Karl Plume e Ruhi Soni
(Reuters) - A oferta global de produtos agrícolas essenciais permanecerá apertada por pelo menos dois anos após a queda nas colheitas em alguns países e interrupções no transporte causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia, disse a Archer-Daniels-Midland Co (NYSE:ADM) nesta terça-feira.
A demanda provavelmente superará a oferta até pelo menos 2024, resultando em altos preços das safras que reduzirão estoques de grãos e incentivarão os agricultores sul-americanos a plantar mais, disse a comerciante de grãos após divulgar um lucro trimestral acima do esperado.
"Já estamos apertados do ponto de vista da oferta e demanda e ficaremos mais apertados à medida que a demanda continuar crescendo", disse o presidente-executivo da ADM, Juan Luciano, durante uma teleconferência com analistas.
"Precisamos de duas temporadas de safras muito boas na América do Norte e na América do Sul para... nos tornarmos mais confortáveis nesses desequilíbrios entre oferta e demanda."
A empresa disse na terça-feira que fortes margens de processamento de safras e maior demanda de importadores preocupados com o aumento da inflação global de alimentos impulsionaram os lucros do primeiro trimestre, acrescentando que os ganhos de 2022 superariam seu desempenho recorde no ano passado.
Os resultados da ADM destacaram como os comerciantes globais de grãos resistiram ao aumento da inflação e às interrupções na cadeia de suprimentos causadas pela guerra.
A Ucrânia e a Rússia fornecem quase um terço das exportações mundiais de trigo, um quinto do milho comercializado globalmente e 80% do óleo de girassol.
O lucro líquido atribuível à ADM saltou 53% para 1,05 bilhão de dólares, ou 1,86 dólar por ação, no trimestre encerrado em 31 de março, em relação ao ano anterior.
Excluindo itens, a companhia lucrou 1,90 dólar por ação, acima da expectativa de 1,41 dólar, conforme dados da Refinitiv.