Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - A equipe jurídica que assessora Felipe Massa em sua batalha para ser declarado campeão mundial de Fórmula 1 de 2008 espera que Lewis Hamilton apoie o caso em nome da integridade esportiva, disse um dos advogados do piloto brasileiro.
Bernardo Viana também afirmou à Reuters que os advogados concordaram em dar à Fórmula 1 e à FIA até meados de outubro para responder à carta enviada a eles em 15 de agosto --uma carta antes da ação é um aviso legal formal obrigatório antes que o processo judicial possa ser iniciado.
A equipe jurídica inicialmente havia estabelecido o prazo final até esta sexta-feira.
"No momento a bola está com FOM e FIA, nós estamos aguardando a resposta deles, mas já temos uma estratégia jurídica em andamento", disse Viana, sócio do escritório Vieira Rezende Advogados, se referindo à Formula One Management (FOM), que administra a categoria, e à Federação Internacional de Automobilismo (FIA), órgão regulador.
"Eles pediram mais prazo, até meados de outubro, e a gente aceitou de boa-fé."
O ex-piloto da Ferrari Massa, agora com 42 anos, deu início à ação legal por conta de uma suposta "conspiração" que, segundo ele, lhe negou o título mundial em 2008, e prometeu "lutar até o final" para ser nomeado campeão mundial.
Na ocasião, o heptacampeão mundial Hamilton conquistou o seu primeiro título por um único ponto de vantagem, em uma temporada que se tornou notória depois de Nelsinho Piquet, então piloto da Renault (EPA:RENA), ter revelado em 2009 que foi orientado por chefes da equipe para se bater de propósito no GP de Cingapura.
Massa, que deixou a Fórmula 1 em 2017, liderava a prova em Cingapura quando seu compatriota Piquet bateu deliberadamente contra o muro na volta 14 da corrida de 61 voltas.
O acidente ocasionou um safety car que acabou beneficiando o companheiro de equipe de Piquet, Fernando Alonso, que venceu a prova. Massa, por sua vez, não conseguiu pontuar após um pit stop malsucedido.
Massa agora afirma que a corrida deveria ter sido anulada porque os manda-chuvas do esporte sabiam antes do final daquela temporada o que havia acontecido, mas encobriram o fato.
Seus advogados gostariam que Hamilton, que corria pela McLaren na época, apoiasse as reivindicações.
"Ele é um embaixador importante do esporte, sempre defendeu a integridade esportiva, é um cidadão honorário brasileiro, muito bem quisto pelos brasileiros e eu, pessoalmente, espero que ele nos apoie", disse Viana.
"Não temos absolutamente nada contra o Hamilton."
O britânico, que agora compete pela Mercedes, disse recentemente não estar focado em algo que aconteceu há 15 anos.
Massa procurou assessoria jurídica depois que o ex-chefe da F1 Bernie Ecclestone disse a um site alemão em março que ele e o ex-presidente da FIA Max Mosley souberam ainda em 2008 que Piquet havia batido deliberadamente.
Mosley, que tinha relação estreita com Ecclestone, morreu em 2021, enquanto outra figura importante --o então diretor de provas da FIA, Charlie Whiting-- morreu em 2019.
Apesar disso, Viana disse que a equipe jurídica de Massa está confiante de que tem um caso forte e evidências suficientes para dar o campeonato ao brasileiro.
Eles estão prontos para lidar com o tema pelo tempo que for necessário, disse Viana, acrescentando que o caso envolve não apenas o Reino Unido, mas "muitas jurisdições".
O time formado por Massa conta também com o advogado esportivo Nick de Marco, que disse em comunicado por escrito à Reuters que o caso "levanta uma série de questões jurídicas muito importantes e interessantes, bem como questões fundamentais de integridade esportiva".
"Tenho certeza de que será de grande interesse não apenas para todos os fãs do automobilismo, mas para qualquer pessoa interessada na justiça das competições esportivas", acrescentou.