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Alívio externo estimula alta do Ibovespa, mas espera por âncora fiscal limita

Publicado 21.03.2023, 08:24
© Reuters Alívio externo estimula alta do Ibovespa, mas espera por âncora fiscal limita
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A valorização das bolsas internacionais e do petróleo, em meio ao alívio em torno dos temores com o setor bancário, na véspera da decisão sobre juros nos Estados Unidos, estimula alta do Ibovespa nesta terça-feira, 21. Em dia de agenda de indicadores esvaziada, seguem no centro das atenções as preocupações com o arcabouço fiscal. Provavelmente, o plano não será apresentado antes do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a Selic na quarta-feira, o que gera apreensão no mercado.

"Está um pouco menos líquido por conta da espera do Copom, não tem divulgação de indicadores. O mercado negocia mais na expectativa", avalia Alan Dias Pimentel, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

Ontem, o giro financeiro na B3 (BVMF:B3SA3) foi de apenas R$ 19,1 bilhões, bem aquém da média diária de cerca de R$ 26 bilhões.

Ainda que a estimativa seja de manutenção da Selic em 13,75% ao ano no Copom de amanhã, o especialista da Blue3 diz que a ata do comitê, que sai daqui a uma semana, gerará grande expectativa. "Isso porque pode trazer sinais sobre os próximos passos, determinar quando os juros poderão começar a cair, ou não."

Fica no radar dos investidores a entrevista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede a um site independente no período da manhã. Por ora, disse que fará o marco fiscal, "quero mostrar ao mundo que tenho responsabilidade." Além disso, o mercado acompanhará a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em seminário do BNDES.

Ontem, o ministro levou a proposta das novas regrais fiscais aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que "receberam bem" o plano. "O lado bom é que esses dois integrantes que estão fora do governo elogiaram as regras. Cria um certo otimismo", completa Pimentel.

Haddad apresentou nesta segunda-feira as linhas gerais da nova regra, que reforça a necessidade de equilíbrio e responsabilidade fiscal para conter gastos. "Até agora, o governo não entregou nada de concreto, fica só na narrativa. Aparentemente o arcabouço não sairá antes do Copom, o que preocupa, gera insatisfação do mercado, que coloca no preço", avalia em comentário matinal o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.

A demora em apresentar as novas regras fiscais fez o Ibovespa destoar de Nova York ontem. O índice Bovespa fechou em baixa de 1,04%, aos 100.922,89 pontos.

Hoje, ajuda no bom humor externo a notícia de que autoridades americanas estudam expansão do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), caso os problemas no sistema bancário se agravem, informa a Bloomberg. Há também a esperança de que o Fed faça uma pausa nos aumentos de juros amanhã, embora a maioria dos analistas preveja mais uma alta de 25 pontos-base, igual à do mês passado. Além disso, o JPMorgan (NYSE:JPM) estuda ajudar a socorrer o First Republic Bank.

"As bolsas do exterior sobem mais por conta um rali, após a solução de curto prazo para o Credit Suisse (SIX:CSGN). Ao que tudo indica não há contaminação para outros bancos europeus. As ações do setor sobem também nos Estados Unidos", cita Pimentel, da Blue3.

Também gera algum alívio por aqui a notícia de o governo deve anunciar nos próximos dias um aumento no valor do teto de juros cobrado no empréstimo consignado a beneficiários do INSS. O Executivo busca uma solução "meio-termo" entre 1,8% e 2,0% ao mês. As ações de grandes bancos sobem no Ibovespa.

Às 11h06, o índice Bovespa subia 0,43%, aos 101.357,40 pontos, ante máxima diária aos 101.670,35 pontos, em alta de 0,74%, e mínima aos 100.922,79 pontos (mesmo da abertura). Com o petróleo avançando, as ações da Petrobras (BVMF:PETR4) subiam mais de 2%, enquanto as da Vale (BVMF:VALE3) cediam 1,04%, em meio ao recuo de 2,22% do minério de ferro em Dalian, na China. Em Nova York, os ganhos iam até 0,95%.

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