Por Senad Karaahmetovic
As ações da Amazon.com (NASDAQ:AMZN) (BVMF:AMZO34) registravam uma queda de cerca de 13% às 9h37 (de Brasília) antes da abertura desta sexta-feira em Nova York, após a gigante do comércio eletrônico divulgar os resultados do 3º tri e fazer projeções abaixo das expectativas.
Os papéis da Amazon chegaram a despencar 20% após o horário regular do pregão, antes de recuperarem parte das perdas. Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) (BVMF:GSGI34) disseram que o movimento de queda de 20% depois do fim das negociações regulares “foi bastante exagerado".
A Amazon apurou um LPA de US$ 0,28 no 3º tri, sobre uma receita de US$ 127,1 bilhões, em comparação com o consenso de US$ 0,22 e US$ 127,76 bilhões, respectivamente. No geral, as vendas cresceram 15% frente ao mesmo período do ano passado, enquanto o lucro operacional foi de US$ 2,5 bilhões, com a empresa alegando que efeitos cambiais geraram um impacto de US$ 5 bilhões nos resultados do intervalo.
Outro grande problema no último balanço da Amazon foi que a receita do AWS cresceu 27%, para US$ 20,54 bilhões, abaixo do consenso da Bloomberg de US$ 21,01 bilhões. Excluindo oscilações cambiais, as vendas líquidas do AWS subiram 27%, muito mais baixo do que o consenso de 31,9%, representando uma forte desaceleração em relação à taxa de crescimento de 39% registrada há um ano.
O CEO da Amazon, Andy Jassy, declarou que a companhia tem confiança de que entregará “uma excelente experiência aos clientes nas festas de fim de ano”.
As ações da Amazon foram impactadas pela fraca projeção fornecida para o 4º tri, na medida em que a gigante do comércio eletrônico espera que sua receita fique entre US$ 140 e 148 bilhões, quando o consenso é de US$ 155,1 bilhões. A previsão é que o lucro operacional seja de US$ 2 bilhões (ponto intermediário), bem abaixo da estimativa média dos analistas de US$ 4,66 bilhões.
Analistas do Goldman disseram que os resultados foram “mistos” de maneira geral. Para eles, o grande problema da Amazon é que o crescimento começou a desacelerar “antes que a narrativa da margem fosse ajustada”. Mesmo assim, reiteraram a recomendação de compra e o preço-alvo de US$ 165 por ação.
“Não mudamos nossa visão de longo prazo em relação ao potencial da computação na nuvem (como ficou evidenciado pela receita de pedidos firmes de US$ 104 bilhões, um crescimento de +57% A/A), mas reconhecemos que as condições econômicas provavelmente desacelerarão o crescimento e as margens mais do que o normal nos próximos trimestres… Continuamos convencidos que a Amazon conseguirá expandir a margem de lucro operacional por vários anos, com margens aprimoradas de comércio eletrônico, menos perdas internacionais e maior contribuição de mix de margem de lucro da AWS e publicidade.”
Analistas do Citi cortaram o preço-alvo de US$ 185 para US$ 145 e apontaram para uma “desaceleração na demanda de consumidores e do AWS” , enquanto a inflação elevada continua pressionando as margens. Eles disseram para os clientes “aproveitarem qualquer correção substancial nas ações”.
“O debate daqui para frente deverá se concentrar em torno das margens, que devem melhorar ao longo de 2023, à medida que a Amazon retorna à geração de fluxo de caixa livre positivo. A gerência priorizou o dispêndio de capital no AWS em relação ao fluxo de caixa e serviços de transporte este ano, além de congelar as contratações em algumas partes da organização”, escreveram os analistas em nota aos clientes.
Os analistas do JPMorgan (NYSE:JPM) também cortaram o preço-alvo das ações da AMZN, passando de US$ 175 para US$ 145 por ação. Embora tenham ressaltado os resultados e as projeções abaixo das expectativas, os analistas disseram que o balanço “não representava uma mudança de tese”.
“Continuamos acreditando que a AMZN deve melhorar os lucros em 2023, com a inflexão do fluxo de caixa livre, ainda que em níveis mais baixos do que se esperava anteriormente. Dessa forma, apesar de ainda não haver clareza em relação ao impacto macro, não acreditamos que as atuais pressões representem uma mudança de tese”.