Investing.com – Mesmo sem as Big Techs, o índice S&P 500 parece estar "caro" em relação a outros índices acionários, como o MSCI Europe, afirmaram estrategistas do Barclays (LON:BARC) nesta sexta-feira.
O benchmark norte-americano continua “superando amplamente” o desempenho do MSCI Europe, mesmo sem os fortes ganhos das seis maiores empresas de tecnologia.
A diferença de avaliação entre os dois índices é evidente na relação preço-lucro (P/L) do S&P 500 excluindo as Big Techs, que está no 92º percentil de sua faixa de 10 anos, enquanto o MSCI Europe se encontra no 47º percentil.
Embora isso possa sugerir uma sobrevalorização das ações dos EUA em relação às europeias, o Barclays aponta que as perspectivas de lucro por ação (LPA) de curto prazo para ambos os índices estão divergindo. O S&P 500 sem as Big Techs acumula alta de 6,5% no ano, enquanto o MSCI Europe caiu 2,5% em termos de dólares.
“O dólar mais forte contribui para essa diferença, mas outros fatores, como o crescimento mais robusto nos EUA, sustentado por um mercado de trabalho resiliente e consumo sólido, contrastam com dados mais instáveis na Europa”, destacaram estrategistas liderados por Venu Krishna.
Além disso, a turbulência política na França e na Alemanha gera incertezas sobre as perspectivas de médio prazo na Europa.
Nos EUA, o otimismo é alimentado por expectativas de políticas pró-crescimento, como desregulamentação e cortes de impostos, embora esse sentimento possa estar um tanto exagerado.
Mesmo com a possibilidade de uma postura mais branda do Banco Central Europeu (BCE), a força relativa da economia americana “provavelmente continuará sustentando as ações dos EUA em relação às europeias, mesmo fora do setor de grandes empresas de tecnologia,” concluíram os estrategistas.
O S&P 500 subiu 0,4% em dezembro, após apresentar o melhor desempenho mensal em um ano durante novembro. O índice caminha para uma alta superior a 25% em 2024, o que, considerando dividendos, marcaria os primeiros anos consecutivos de retornos totais acima de 25% desde o final da década de 1990, segundo a FactSet.
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Projeção ousada para 2025 e desafios à frente
O analista do Wells Fargo (NYSE:WFC), Christopher P. Harvey, estabeleceu um alvo de 7.007 pontos para o S&P 500 em 2025, afirmando que esse número “não é inatingível”.
Em nota divulgada na sexta-feira, Harvey identificou inflação, avaliações, orientações corporativas, riscos geopolíticos e litígios no setor de tecnologia como os principais fatores por trás dessa projeção.
Sobre a inflação, ele destacou que o núcleo do IPC caiu de um pico de 6,6% em 2022 para 3,3% em meados de 2024, mas permanece acima da meta de 2% do Federal Reserve. Isso “afeta os consumidores e coloca em dúvida o ciclo de flexibilização do Fed,” disse Harvey.
Por outro lado, a aceleração na adoção de IA, combinada com as políticas energéticas de Trump, focadas no crescimento de volume em vez de preços, pode “conter a inflação apesar dos receios sobre tarifas,” observou o analista.
Em relação às avaliações, Harvey reconheceu que o S&P 500 está sendo negociado a mais de 22 vezes os lucros futuros, um nível raramente visto. Contudo, ele enfatizou que a composição do índice mudou fundamentalmente.
“No final de 1999, o S&P 500 tinha 36% de Tecnologia da Informação e Serviços de Comunicação. Hoje, esse número é de 42%—sem incluir Amazon (NASDAQ:AMZN) (4%) e Tesla (NASDAQ:TSLA) (2%). Essa transição para setores de alto crescimento justifica múltiplos mais elevados,” explicou.
Harvey também destacou que previsões corporativas conservadoras para o início de 2025 podem pesar sobre o mercado. Exemplos recentes, como a orientação prudente da Adobe (NASDAQ:ADBE), que levou à venda de ações, ilustram esse risco.
Mesmo assim, ele vê essas situações como oportunidades. “Já vimos esse filme antes,” afirmou, referindo-se ao potencial de superação de lucros e valorização das ações após a cautela inicial das equipes de gestão.
Geopoliticamente, Harvey alertou para riscos contínuos, incluindo tensões crescentes na Ásia e conflitos em andamento.
“Agressões chinesas contra Taiwan permanecem como um risco, a política europeia está instável, e nossas agências de inteligência alertam sobre terrorismo doméstico. A tecnologia de drones amplifica o risco de ataques com impacto no mercado,” disse o analista.
Apesar disso, Harvey minimizou esses temores, lembrando que preocupações semelhantes já existiam quando o S&P 500 estava em 4.700 pontos.
“O histórico de Trump, suas promessas de campanha e indicações para o gabinete sugerem, em geral, que uma redução das tensões é mais provável,” afirmou.
Finalmente, Harvey reconheceu que possíveis litígios envolvendo as Big Tech podem criar obstáculos, mas acredita que esses riscos são subestimados. A nomeação de Andrew Ferguson como presidente da FTC é vista como positiva para os mercados, embora seu posicionamento em defesa da liberdade de expressão possa colocá-lo em conflito com algumas empresas de tecnologia.