Por Gus Trompiz e Gergely Szakacs
PARIS (Reuters) - A colheita de milho da União Europeia está em pleno andamento, e o trabalho de campo está confirmando os danos generalizados provocados pela seca, que deverá reduzir a produção para uma mínima de 15 anos, segundo analistas.
"Na UE, os impactos da seca do verão, apesar do retorno esparso das chuvas, trouxeram as perspectivas de rendimento das colheitas para um status ruim bastante uniforme", disse o órgão intergovernamental de monitoramento de colheitas AMIS em nota.
A Comissão Europeia cortou sua previsão de safra de milho para 55,5 milhões de toneladas, juntando-se a outros observadores na projeção do menor volume desde 2007.
A Hungria pode ser a mais atingida, com o Ministério da Agricultura estimando nesta semana que a safra cairá mais da metade em relação ao ano passado, para 3 milhões de toneladas, ecoando as expectativas da indústria de que o país passará a ser um importador líquido.
A Comissão espera que as importações totais de milho em 2022/23 sejam de 21 milhões de toneladas, uma máxima de quatro anos. Atualmente, as importações estão quase o dobro do ritmo da temporada passada, apesar da guerra no importante fornecedor, a Ucrânia.
Na França, onde se espera a menor produção em três décadas, as culturas não irrigadas, que representam dois terços da área plantada, foram particularmente atingidas.
O grupo de produtores AGPM esta semana previu a produção em 10 milhões de toneladas, em linha com as estimativas do mercado e abaixo da previsão do ministério agrícola do mês passado de 11,3 milhões, que já era uma mínima de 32 anos.
Na Romênia, que compete com a França como o maior produtor de milho da União Europeia, a safra também sofreu em graus variados.
Na Itália, as indicações sugerem que a safra pode cair cerca de 40% em relação ao ano passado, disse Lorenzo Bazzanam, economista-chefe do grupo agrícola Coldiretti, acrescentando que alguns campos foram abandonados devido a restrições de seca na irrigação.
Na Alemanha, onde a colheita está quase concluída, a safra deve cair cerca de 19%, para cerca de 3,5 milhões de toneladas, dizem analistas.
"Está praticamente confirmado que a onda de calor e a seca neste verão reduziram a safra da Alemanha em cerca de 600.000 toneladas", disse um analista.
Um ponto positivo pode ser a Polônia, onde alguns analistas veem a produção de milho superando a do ano passado, ajudada pelo aumento do plantio e pelo impacto moderado da seca.
(Por Gus Trompiz, Gergely Szakacs, Anita Komuves, Luiza Ilie, Rodolfo Fabbri e Michael Hogan)