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Apesar de exterior fraco e temor local, Ibovespa tenta defender alta

Publicado 09.09.2021, 08:34
Atualizado 09.09.2021, 12:10
© Reuters Apesar de exterior fraco e temor local, Ibovespa tenta defender alta
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O Ibovespa tenta recuperar parte da queda de quase 4% da véspera com a leve alta das bolsas americanas, enquanto o dólar também se ajusta ao movimento de ontem - hoje cai a R$ 5,27. O índice brasileiro de ações chegou a tocar a mínima aos 113.263,81 pontos e tenta retomar os 114 mil pontos (máxima intradia 114.188,65 pontos), apesar das preocupações no mercado em relação à crise político-institucional. Já os juros futuros se mantêm em alta firme e expressiva, com investidores desconfortáveis com a inflação elevada e preocupação em relação aos desdobramentos dessa turbulência em Brasília. Além disso, está no radar os bloqueios em algumas estradas federais por caminhoneiros.

Apesar da alta, o Ibovespa desacelerou a velocidade há pouco, de olho nas questões locais, que continuam como preponderantes fatores que impedem o índice de subir com firmeza, mas ao mesmo tempo, servem de chamariz para a compra. "Toda essa turbulência política acabou justificando esse comportamento de alta. As ações parecem bem descontas", avalia Rodrigo Santin, CIO da Legend, acrescentando que, a apesar da inflação alta medida pelo IPCA e que pressiona os juros, a Bolsa hoje não cai como em outros momentos, com investidores tentando aproveitar algumas oportunidades.

No exterior, investidores avaliam a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a política monetária e o programa de estímulos. Além disso, consideram a queda além do esperado nos pedidos por auxílio-desemprego nos Estados Unidos na semana passada, a 310 mil.

Apesar disso, o mercado teme que haja retirada de medidas de impulso econômico, apesar de algum esfriamento da expansão global, em meio ao espalhamento de cepas da covid-19.

O economista-chefe do BV, Roberto Padovani, alerta que esses sinais de acomodação do crescimento mundial, com indicadores na Europa, Ásia e nos EUA nesta direção, geram preocupação.

Já no Brasil, a pressão inflacionária continua persistente, com o dado em 12 meses mirando os 10%. Em agosto, o IPCA ficou em 0,87%, ante 0,96% em julho, dado que ficou acima do teto do intervalo das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam uma alta entre 0,62% e 0,85%, com mediana positiva de 0,70%. Em 12 meses, a taxa foi a 9,68%. "É o que temos dito, que a inflação não tem caráter temporário. É um movimento difícil de acontecer. Empresários e prestadores de serviços relatam a dificuldade em repassar custos. Quando tiverem uma oportunidade, o farão", avalia Eduardo Cubas, sócio e responsável pela área de alocação da Manchester Investimentos.

Os bloqueios dos caminhoneiros desde ontem à tarde em estradas do Brasil tende a colocar ainda mais pressão nos preços e em papéis atrelados ao consumo na Bolsa brasileira, principalmente. As interrupções prosseguem, mas há indícios de que algumas rodovias já foram liberadas. Ontem, o presidente Jair Bolsonaro enviou um áudio a grupos de caminhoneiros pedindo que liberem as rodovias do País. Na mensagem, Bolsonaro apela para que os manifestantes desobstruam as vias porque "atrapalha nossa economia. Hoje, afirmou que conversará com a categoria.

"Não estava no radar de ninguém ter problemas com essa paralisação dos caminhoneiros, mas parece que foi crescendo. Então, foi importante ver o governo tentando intervir para não piorar a situação", avaliam os analistas da Ouro Preto Investimentos.

Apesar do recuo no preço do minério de ferro, de 1,46%, em Qingdao, na China, as ações da Vale (SA:VALE3) e de outras mineradoras e de siderúrgicas sobem, em dia de recuperação.

Ontem, o índice brasileiro amargou perdas de 3,78%, fechando aos 113.412,84 pontos.

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