Os juros futuros fecharam em queda nesta segunda-feira, em movimento ainda protagonizado pelos vértices longos. As taxas dos principais contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento partir de 2025 encerraram abaixo de 12%, influenciadas pelo bom humor no ambiente internacional, com recuo no retorno dos Treasuries e o dólar enfraquecido. O alívio reflete ainda a ideia de que o Copom, a confirmar na ata de terça-feira a sinalização do comunicado, terá encerrado o ciclo de altas da Selic e, tão logo o cenário permita, vai inaugurar o ajuste de baixa da taxa básica.
A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 13,745%, de 13,766% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,018% para 12,92%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 11,855% (mínima), de 12,097%. A do DI para janeiro de 2027 caiu de 12,004% para 11,66%.
Com agenda esvaziada tanto aqui quanto lá fora, o mercado deu sequência ao que já vinha fazendo na semana passada, mas, nesta segunda-feira, com o estímulo adicional da valorização do câmbio e da trajetória baixista dos Treasuries. Desde o comunicado do Copom na última quarta, que deixou um espaço apenas residual para voltar a elevar a Selic no encontro de setembro, o mercado iniciou uma corrida aos elevados prêmios de risco embutidos na curva, na medida em que o próximo passo da autoridade monetária para alterar a Selic, seja quando for, será de cortes.
"O comportamento do mercado externo hoje permitiu que o investidor continuasse a operar a precificação de fim de ciclo. Vamos ver se isso se mantém ao longo da semana", afirmou o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, lembrando que o índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) dos EUA, na quarta-feira, pode mudar o cenário lá fora.
O mercado tentou também se antecipar à agenda doméstica desta terça-feira, que tem a ata do Copom e IPCA de julho como destaques. Sobre a ata, as atenções estarão voltadas à confirmação da expectativa de fim de aperto e a detalhes sobre a menção do Banco Central ao cenário de 12 meses até o primeiro trimestre de 2024. "O mercado reagiu ao comunicado da decisão da semana passada com um grande rali nos juros, e a ata pode corroborar ou contrariar essa visão do mercado, que aposta cada vez mais em quedas próximas", afirmam os economistas da SulAmérica (BVMF:SULA11) Investimentos.
No caso do IPCA, a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast aponta taxa negativa de 0,66% em julho, que seria a maior deflação do índice na era do Plano Real. Do mesmo modo, para a abertura do dado, a expectativa é de deflação histórica para preços administrados (-4,36%), segundo a mediana das previsões.
"O mercado vem digerindo bem a ideia de fim de ciclo, muito por causa da inflação em queda, ainda que de forma 'mandrake'", avalia Caramaschi, referindo-se ao fato de que o alívio de preços deve ser devolvido em 2023, quando cessam as medidas de desoneração tributária. Na pesquisa Focus desta segunda, a mediana para o IPCA do ano que vem subiu de 5,33% para 5,36%, cada vez mais distante do teto da meta de 4,75%.
No exterior, os Treasuries se ajustaram em baixa, corrigindo a alta desencadeada pela surpresa com o payroll forte em julho na sexta-feira. A taxa da T-note de dez anos projetava 2,75%, de 2,83% na tarde de sexta-feira. O dólar teve queda generalizada, fechando no Brasil em R$ 5,1129.