Ativos brasileiros sofrem com susto global gerado por dados de emprego nos EUA bem acima do esperado

Publicado 06.10.2023, 12:39
© Reuters. Um quadro eletrônico mostra um gráfico das flutuações recentes dos índices de mercado, no pregão da Bolsa de Valores B3 do Brasil, em São Paulo, Brasil, 
6 de julho de 2023
REUTERS/Amanda Perobelli
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Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - Os principais ativos brasileiros sofriam nesta sexta-feira sob pressão da alta implacável dos rendimentos dos títulos do governo norte-americano, depois que dados de emprego dos Estados Unidos muito mais fortes do que o esperado exacerbaram o medo de que os juros ficarão mais altos por mais tempo na maior economia do mundo e também alimentaram dúvidas sobre o ritmo de queda da taxa de juros no Brasil.

Às 11:47 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,27%, a 5,1831 reais na venda, depois de mais cedo ter saltado a 5,2210 reais na venda, nível intradiário que não era visto desde o final de março deste ano.

Ao mesmo tempo, o Ibovespa caía 0,77%, 112.408,69 pontos, depois de cair na cotação mínima da manhã para 111.598,57, menor patamar intradiário desde o início de junho.

Ambos os movimentos estavam em linha com a aversão a risco generalizada no mercado global, com os principais índices de Wall Street em queda e o índice do dólar frente a rivais fortes estendendo um rali recente, embora o sentimento tenha visto algum alívio em relação aos piores momentos do dia.

Por trás do mau humor, a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos aumentou em setembro e superou com força as expectativas, totalizando 336 mil postos de trabalho fora do setor agrícola, segundo relatório do Departamento do Trabalho desta sexta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 170 mil vagas de trabalho em setembro. As estimativas variavam de 90 mil a 256 mil.

"A aceleração nas contratações nessa magnitude certamente vai impulsionar ainda mais a pressão sobre os retornos dos títulos do Tesouro americano e as apostas de novo aumento de juros (na próxima reunião do Fed) vão aumentar", disse Danilo Igliori economista-chefe da Nomad.

De fato, na esteira dos dados dos Estados Unidos, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 8,90 pontos-base, a 4,8051%, e chegou a renovar o maior patamar desde 2007.

Ao mesmo tempo, operadores aumentaram para quase 50% a chance de o Fed elevar sua taxa de referência para a faixa de 5,50% a 5,75% em sua reunião de dezembro. Antes do relatório de emprego, a probabilidade era calculada em 34%.

"Os efeitos desses movimentos tendem a não ser nada triviais. De imediato, bolsas e mercados emergentes devem continuar sofrendo", disse Igliori.

O mercado de juros brasileiro, que há semanas já vem sendo pressionado pela disparada dos rendimentos dos Treasuries, acompanhava outra vez o movimento externo, com as taxas dos principais DIs disparando de 16 a 24 pontos-base na curva de janeiro de 2024 a janeiro de 2029, machucando ainda mais o Ibovespa, que tem muitos setores sensíveis aos custos dos empréstimos.

Já para o mercado de câmbio, o que pesa é a perspectiva de uma lacuna menor entre os juros básicos de Brasil e Estados Unidos, que torna os rendimentos dos Treasuries mais atraentes quando comparados aos retornos dos títulos locais, que são bem rentáveis, mas oferecem risco muito maior.

© Reuters. Um quadro eletrônico mostra um gráfico das flutuações recentes dos índices de mercado, no pregão da Bolsa de Valores B3 do Brasil, em São Paulo, Brasil, 
6 de julho de 2023
REUTERS/Amanda Perobelli

Isso "tem provocado uma saída de capital do Brasil nos últimos dias", disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, observando ainda que a alta do dólar tende a alimentar a inflação brasileira. "Diante desse cenário, é provável que o Banco Central do Brasil reavalie a possibilidade de realizar mais dois cortes na taxa Selic (em 2023)."

O Banco Central já cortou a taxa Selic em 1 ponto percentual desde agosto, a 12,75%, e sinalizou no mês passado intenção de manter o ritmo de redução de 0,50 ponto percentual em suas duas reuniões restantes deste ano "em se confirmando o cenário esperado".

Alguns participantes do mercado ainda argumentam que os juros domésticos continuarão em patamar restritivo por algum tempo mesmo após o início do afrouxamento monetário pelo BC, o que limitaria os impactos do aperto do Fed na taxa de câmbio, mas é praticamente consenso que o real -- que há pouco mais de uma semana estava abaixo dos 5 reais -- não sairá ileso.

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