A geradora de energia Auren Energia SA (BVMF:AURE3) registrou um prejuízo líquido de R$ 2 milhões no segundo trimestre deste ano, perda 97,6% menor em relação aos R$ 83,5 milhões de prejuízo do mesmo período de 2021, calculados de maneira pro-forma, como se a atual configuração da companhia já existisse desde o ano passado. A empresa é resultado de uma reorganização societária, com a junção de Cesp (BVMF:CESP6), Votorantim Energia e VTRM, concluída em março.
A receita operacional líquida da geradora somou R$ 1,346 bilhão entre abril e junho deste ano, praticamente em linha com o verificado há um ano, com alta de apenas 1,3%.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 34,5%, chegando a R$ 298,4 milhões. Pelo critério ajustado, que exclui provisões para litígios, baixa de depósitos judiciais e inclui dividendos recebidos, o indicador somou R$ 424 milhões, aumento de 71% em relação com os R$ 248 milhões do mesmo período do ano passado. Já a geração de caixa operacional, após serviço da dívida, somou R$ 385 milhões, o que representa um índice de conversão de caixa de 91,5%.
Entre os motivos que levaram ao forte aumento do Ebitda na comparação anual estão o maior preço dos contratos de venda de energia, a redução de 4% (R$ 52 milhões) na linha de custos e despesas operacionais, a despeito de gastos não recorrentes ligadas à reestruturação, e o aumento de 48% (R$ 18 milhões) no valor dos dividendos recebidos de participações societárias da companhia, avaliou o vice-presidente de Finanças e Novos Negócios da Auren, Mario Bertoncini, em entrevista ao Broadcast Energia.
Além disso, ele citou a melhora na geração de energia a partir dos parques eólicos Ventos do Piauí I e Ventos do Araripe III, localizados entre os estados do Piauí e de Pernambuco. Diferente de outras geradoras com ativos eólicos no Nordeste, a Auren conseguiu aumentar a produção de energia, já que na localização de seus parques, não houve registro de chuvas intensas, como no litoral. "No segundo trimestre de 2022, geramos acima do percentil 50: Ventos do Piauí I foi 1,4% melhor que o P50 e Ventos do Araripe III foi 5% melhor que o P50 - esses poucos pontos porcentuais fazem muita diferença", comentou Bertoncini.
A despesa financeira líquida somou R$ 187,5 milhões, 6% menor que a registrada no segundo trimestre do ano passado, reflexo principalmente da redução de R$ 33 milhões na linha de atualização do saldo de provisão para litígios, por conta da baixa significativa do contencioso passivo total entre os períodos - de R$ 28 milhões no passivo possível - e pela desaceleração do IGP-M.
A Auren encerrou o segundo trimestre com uma dívida líquida consolidada de R$ 2,1 bilhões e alavancagem de 1,8 vez, ante as 2,2 vezes anotadas no primeiro trimestre.
Novos projetos
O segundo trimestre também foi marcado pelo avanço das obras dos Ventos do Piauí II e III. Segundo Bertoncini, a companhia alcançou 60% de avanço das obras e o cronograma segue avançando dentro do esperado, com orçamento dentro da expectativa. A previsão é de que a operação comercial completa aconteça em novembro deste ano. "São 93 aerogeradores, a maior parte delas já está em operação, uma parte (36) em operação comercial e outras (19) em teste, mas ambas já faturando energia", disse.
Os dois projetos somam 409 megawatts (MW) em capacidade instalada e garantirão à Auren mais 197 MW médios (MWm) em garantia física.