Aviões Comac para Vietnã mostram impulso da China no mercado internacional

Publicado 21.01.2025, 11:36
Atualizado 21.01.2025, 13:45
© Reuters

Por Phuong Nguyen e Francesco Guarascio e Lisa Barrington

HANÓI (Reuters) - A iniciativa da China de entrar em mercados de aviação estrangeiros com os jatos Comac se intensificou com um esforço do país para persuadir o Vietnã a autorizar o uso de seus aviões, de acordo com duas fontes com conhecimento das negociações e documentos.

As ações da Comac no Vietnã demonstram como a empresa estatal embarcou, no ano passado, em uma abordagem de marketing mais deliberada para os órgãos reguladores e as companhias aéreas, pois busca competir internacionalmente com os principais fabricantes de aviões ocidentais, Airbus (EPA:AIR), Boeing (NYSE:BA) e Embraer (BVMF:EMBR3).

Após meses de negociações, a principal companhia aérea privada do Vietnã, a VietJet, deveria ter iniciado em 15 de janeiro o arrendamento de curto prazo de dois jatos regionais C909 operados por tripulantes da Chengdu Airlines da China, de acordo com documentos vistos pela Reuters que fornecem informações sobre sua estratégia.

No entanto, o órgão regulador de aviação do Vietnã ainda não autorizou o negócio, pois está cauteloso quanto a dar luz verde a um avião atualmente certificado apenas pela China e pela Indonésia, disseram as duas fontes e uma terceira.

O C909, com capacidade para até 90 passageiros e conhecido até novembro como ARJ21, foi o primeiro avião com motor a jato da China a atingir a produção comercial e entrou em serviço em 2016, com cerca de 160 aeronaves entregues até o momento.

O jato regional não é tão conhecido quanto o avião de corredor único C919, mais avançado, da Comac, mas permitirá que o fabricante de aviões se estabeleça em um dos mercados de aviação que mais crescem no mundo e aumente sua visibilidade fora da China antes do aumento da produção do C919. Isso também enviaria uma mensagem aos rivais.

A VietJet vinha conversando com uma empresa estrangeira de leasing há meses para alugar dois jatos regionais E190, da Embraer, segundo fontes distintas familiarizadas com as discussões, e uma delas acrescentou que os pilotos estavam em processo de contratação para esses aviões.

Mas as negociações fracassaram no final do ano passado, informou a mídia vietnamita. A VietJet pretendia usar os aviões da Embraer ou da Comac para conectar as principais cidades do Vietnã ao arquipélago turístico de Con Dao, onde os jatos maiores não podem pousar.

As duas fontes disseram que a oferta chinesa está sob termos financeiros muito atraentes que, segundo uma das fontes, são "bons demais para resistir".

A VietJet, uma das maiores companhias aéreas de baixo custo da Ásia, com uma frota de cerca de 100 jatos Airbus e cerca de 200 Boeing 737 MAX encomendados, não quis comentar.

A Comac, a autoridade de aviação civil do Vietnã e a Chengdu Airlines não responderam a pedidos de comentários.

PLANOS GLOBAIS

O arrendamento de curto prazo de dois jatos Comac ela VietJet é um pequeno negócio que, segundo fontes do setor, não faz sentido comercialmente para uma grande companhia aérea de baixo custo.

No entanto, depois disso, a VietJet vai procurar introduzir mais aviões, incluindo possivelmente rotas para a China, segundo um documento da VietJet datado de 17 de dezembro.

As conversas da VietJet com a Comac incluíram o objetivo final de usar C919s no futuro, de acordo com uma outra fonte familiarizada com o assunto.

Atualmente, o C909 e o C919 são operados apenas por companhias aéreas chinesas, com exceção de uma companhia aérea indonésia que opera o C909.

Ambos os aviões têm registros de segurança sólidos, sem acidentes conhecidos, mas têm muito menos horas de voo em comparação com os modelos rivais e não foram certificados pelos órgãos reguladores ocidentais.

A Comac exibiu seus aviões em fevereiro passado pela primeira vez fora da China em Cingapura, incluindo uma parada no Vietnã, marcando uma mudança de abordagem em relação ao envolvimento público anteriormente limitado fora da China.

A Comac tem entrado em contato com companhias aéreas, órgãos reguladores e empresas aeroespaciais da Ásia e de outros países, e disse este mês que quer o C919 voando para o Sudeste Asiático até o próximo ano.

Cerca de 16 C919s voam com companhias aéreas chinesas e a Comac pretende produzir 30 unidades este ano.

A Comac está buscando a certificação da União Europeia para o C919. A falta de certificação de seus aviões pelos órgãos reguladores fora da China continental continua sendo um obstáculo crucial para que a empresa seja aceita pelas companhias aéreas estrangeiras.

O órgão regulador do Vietnã quer ter certeza de que qualquer autorização não prejudicará a conformidade com os órgãos reguladores de aviação estrangeiros, incluindo os EUA, disseram as duas primeiras fontes.

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