Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) -O Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) apresentou resultados trimestrais e projeções surpreendentemente positivos nesta quarta-feira, em franca oposição aos divulgados por seus rivais privados, como o Bradesco (BVMF:BBDC4), revelando a diferença de desempenho entre os maiores bancos do país num ambiente de juros e inflação altos.
O banco controlado pelo governo federal publicou nesta quarta-feira lucro ajustado do terceiro trimestre de 8,36 bilhões de reais, um salto de 62,7% sobre um ano antes. O número também veio acima da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de 7,36 bilhões de reais para o período. A rentabilidade ajustada sobre o patrimônio foi de 21,5%, um salto de 7,2 pontos percentuais ano a ano.
A última linha do balanço refletiu um equilíbrio largamente mais bem sucedido do que os rivais privados entre crescimento da carteira de crédito e controle da inadimplência.
No fim de setembro, o estoque de empréstimos do BB somava 969,2 bilhões de reais, um aumento de 19%, com destaque para linhas como cartão de crédito (+31,5%) e agronegócio (+26,7%).
O índice de inadimplência acima de 90 dias, de 2,34%, cresceu ante os 1,82% de um ano antes, mas ficou bem abaixo dos níveis mostrados por Santander Brasil (BVMF:SANB11) e Bradesco.
Com isso, a despesas com provisão para perdas com calotes subiu 15,1% no comparativo anual, para 4,52 bilhões de reais.
Em comparação, a provisão ddivulgada pelo Bradesco na noite da véspera disparou 116% no período, com o banco também elevando fortemente a expectativa de despesa nesta linha para o ano e prevendo uma primeira metade de 2023 ainda difícil, o que fez perder mais de 30 bilhões de reais de valor de mercado na bolsa nesta sessão.
Na semana passada, a unit do Santander Brasil chegou a cair 9% na B3 (BVMF:B3SA3) após o banco ter também reportado lucro trimestral abaixo do esperado pelo mercado, com maiores provisões para calotes e compressão nas margens.
"Os resultados que apresentamos se originam do bom desempenho da margem financeira bruta, da diversificação nas receitas com serviços, despesas sob controle e capital forte", afirmou o presidente-executivo do BB, Fausto Ribeiro, em nota.
A margem financeira líquida do banco, que reflete a equação entre custos de captação e o valor cobrado de clientes nos empréstismo, cresceu 28,4% ano a ano, para 15 bilhões de reais.
As receitas com tarifas e serviços evoluíram 14,6%, em ritmo bastante superior ao das despesas administrativas, de 6,2%. Na tesouraria, o resultado quase dobrou, a 10,2 bilhões de reais.
PREVISÕES
O BB ainda elevou a previsão de crescimento da carteira de crédito de 2022, da faixa de 12% a 16% para 15% a 17%, além de esperar mais receitas com tarifas e com margem financeira.
O banco ainda previu que seu lucro do ano agora vai gravitar entre 30,5 bilhões e 32,5 bilhões de reais, ante previsão anterior de 27 bilhões a 30 bilhões.
As ações do BB encerraram antes da divulgação do resultado em queda de 2,65%, a 37,06 reais.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)