SÃO PAULO, , (Reuters) - O Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) tem observado um agravamento no risco da carteira de crédito nos segmento de pequenas e médias empresas, mas também de grandes companhias, afirmou nesta quinta-feira o vice-presidente de gestão financeira do banco, Geovanne Tobias, ressaltando que a situação está sob controle.
"O volume de provisão que nós temos para cobrir o risco dessa carteira é bastante expressivo", afirmou o executivo, em entrevista a jornalistas, após o BB divulgar na noite da véspera lucro líquido ajustado recorde para o primeiro trimestre, de 9,3 bilhões de reais.
A carteira de crédito pessoa jurídica cresceu 8,5% ano a ano, para 393,5 bilhões de reais, com as grandes empresas respondendo por 212,2 bilhões e as MPMEs, por 119 bilhões. A inadimplência de mais de 90 dias ficou em 3,19%, de 2,13% um ano antes, embora um pouco menor do que no quarto trimestre (3,37%).
O índice de cobertura somou no final de março 231,7%.
O vice-presidente de negócios de atacado do BB, Francisco Lassalvia, reforçou que o banco tem uma carteira de atacado "extremamente resiliente", citando índices de provisão já feitos, aderentes ou superiores às condições regulamentais exigidas.
"Nós não temos nenhuma surpresa em balanços já divulgados, ou por vir, com relação a casos que já são de conhecimento público", acrescentou. O BB é um dos principais credores de Casas Bahia (BVMF:BHIA3), que pediu recuperação extrajudicial no mês passado.
A carteira de crédito ampliada da instituição somou 1,138 trilhão de reais, alta de 10,2% ano a ano, com a inadimplência de mais de 90 dias ficando em 2,9%, de 2,62% um ano antes e 2,92% no último trimestre de 2024. O índice de cobertura alcançava no final de março 196%.
De acordo com Tobias, o BB tem um risco de crédito controlado e entregou um crescimento da carteira em linha com o que se propôs. Quanto às provisões, ele afirmou que o banco está tomando medidas para controlar os números que estão perto do topo do guidance, de 27 bilhões a 30 bilhões de reais.
A provisão para crédito de liquidação duvidosa nos primeiros três meses do ano somou 8,541 bilhões de reais, bem acima dos 5,855 bilhões de reais um ano antes (quando houve efeito de reversão de provisões), mas abaixo dos 9,983 bilhões de reais do final do quarto trimestre.
RS
O BB anunciou nesta quinta-feira que alocou mais 50 milhões como medida de apoio aos clientes atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul, valor que se soma a uma doação de 5 milhões de reais já anunciada pelo conglomerado, além da ajuda humanitária e flexibilizações negociais.
Executivos da instituição afirmaram que ainda é cedo para avaliar o impacto nos resultados em decorrência da tragédia, que afeta cerca de 35% da rede do banco no Estado de forma total e parcial, com a presidente-executiva, Tarciana Medeiros, afirmando que o foco no momento é dar "apoio irrestrito" aos moradores das regiões atingidas pela calamidade.
"Nós flexibilizamos linhas de crédito, aumentamos carências, postergamos pagamento de fatura de cartão, além de outras medidas que possam contribuir para amenizar esse momento de dor", ressaltou a CEO. "Nós continuamos acompanhando essa situação e nós vamos usar os nossos canais, capilaridade, o que estiver ao nosso alcance para ajudar."
Os executivos afirmaram que o BB tem uma carteira de crédito para o agronegócio representativa no Rio Grande do Sul -- 6% da carteira de agro e 4% da carteira total do banco -, mas ressaltaram que a diversificação da carteira total, "espalhada pelo Brasil afora", é um componente que atenua o efeito.
(Por Paula Arend Laier)