Por Geoffrey Smith
Investing.com – Os preços do bitcoin voltaram a ficar no vermelho nesta sexta-feira, sem conseguir sustentar o repique durante a noite, devido à disseminação do colapso da exchange FTX.
Às 13h23 de Brasília, o bitcoin registrava uma queda de 4,34%, a US$ 16.770, à medida que as plataformas e redes com exposição ao império de Sam Bankman-Fried tomavam drásticas medidas para tentar se proteger, ao mesmo tempo em que o dono da maior exchange do mundo alertou que o pior ainda estava por vir.
A FTX, até recentemente considerada a “salvadora” do universo cripto após a forte queda dos ativos digitais no início do ano, não deu as caras na quinta-feira, depois que alegações de irregularidades na exchange finalmente desencadearam uma intervenção regulatória contra a empresa.
O Wall Street Journal informou que o Departamento de Justiça e a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA estão investigando seu fundador e CEO por suspeita de fraude, embora o autodenominado “SBF” tenha tentado isolar seus negócios regulamentados nos EUA dos problemas de sua controladora sediada nas Bahamas, FTX.Com. O WSJ informou ainda que a FTX havia desviado depósitos de clientes, emprestando-os a uma afiliada de fundos de hedge, a Alameda Research, que posteriormente emprestou o dinheiro de volta à FTX de forma a cobrir seus prejuízos com investimentos.
A Comissão de Valores Mobiliários das Bahamas, cujo trabalho era impedir o comportamento fraudulento dos proprietários e gerentes da FTX, congelou seus ativos depois de ler a reportagem do WSJ e solicitou sua liquidação provisória. Órgãos reguladores do Japão e da Austrália também tomaram medidas semelhantes contra as subsidiárias locais da FTX.
Os efeitos colaterais foram imediatos. A BlockFi, uma plataforma que Bankman-Fried resgatou com um empréstimo de US$ 650 milhões durante o colapso do Terra/Luna no início do ano, afirmou que suspendeu novamente os resgates dos clientes.
A ação da BlockFi deixou claro que os problemas da FTX se estendiam não apenas à controladora com sede nas Bahamas, já que a CEO Flori Marquez havia garantido aos clientes, no início da semana, que a empresa não seria afetada pelos problemas da FTX.com, haja vista que sua linha de crédito rotativo de US$ 400 milhões tinha sido acordada com a FTX.US.
O CEO da Binance, Changpeng Zhao, que desistiu de um acordo de resgate da FTX.com no início da semana, após um trabalho de “due diligence” que levou apenas um dia, alertou que o contágio deve se disseminar.
“Com o colapso da FTX, veremos efeitos em cascata”, disse Zhao em uma conferência na Indonésia. “Principalmente para quem estiver perto do ecossistema da FTX, eles serão negativamente afetados".