Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - Investidores estrangeiros estão se posicionando para voltar com força ao país por enxergarem sinais de melhora da economia, o que deve contribuir para impulsionar as atividades de custódia do BNP Paribas (PA:BNPP) no Brasil, disseram executivos do banco.
"O Brasil está se abrindo, há investidores estrangeiros considerando aproveitar a melhora da economia do país", disse à Reuters o chefe de Serviços de Ativos do BNP Paribas no país, Andrea Cattaneo.
Com um total de 4,83 trilhões de reais em ativos no fim de abril, segundo dados da Anbima, o mercado de custódia de ativos é bastante concentrado no Brasil, com mais de três quartos do total nas mãos de Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Bradesco (SA:BBDC4), Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Citi. Em décimo primeiro no ranking, o BNP Paribas tinha 46 bilhões de reais em custódia.
Embora seja comparativamente pequeno em relação aos maiores do mercado, o montante atual dá ao BNP Paribas uma receita cinco vezes superior à de 2010, quando o conglomerado francês elegeu o segmento como um de seus focos globais de crescimento.
Desde então, o grupo vem buscando custodiar os papéis de todos os clientes atendidos pelas diversas áreas do banco. A iniciativa vai na contramão da prática majoritária do mercado, já que as grandes instituições financeiras muitas vezes preferem subcontratar custodiantes de bancos rivais.
A iniciativa parece ter dado resultado, uma vez que cerca de 90 por cento dos ativos de clientes do BNP Paribas são custodiados internamente.
O movimento faz parte dos esforços do grupo para ampliar a participação de serviços nas receitas totais, contribuindo para diminuir as exigências de capital, à medida que as instituições financeiras no mundo todo se alinham às regras de Basileia III.
O BNP Paribas é o quarto maior custodiante global, com cerca de 10 trilhões de dólares. No Brasil, eleito como um dos 26 mercados prioritários, a meta do BNP Paribas é de que as receitas com custódia dobrem até 2020.
Segundo Cattaneo, o banco pretende se beneficiar de alguns movimentos de mercado para alcançar esse objetivo. O principal deles é a tendência de ampliação de investimento estrangeiro no país, diante de expectativa de recuperação da economia.
A equipe econômica do presidente interino Michel Temer, comandada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tem sinalizado que usará privatizações como uma das ferramentas para tentar estabilizar a situação fiscal do país.
Para o executivo, o BNP Paribas tem condições de ser mais competitivo no atendimento a clientes internacionais, sobretudo institucionais europeus, com os quais têm maior relacionamento.
Além disso, com a saída de alguns rivais com perfil mais internacional do Brasil, o banco tem conquistado clientes estrangeiros com negócios no país. Um dos casos mais recentes foi o Royal Bank of Canada, que deixou de ser cliente do HSBC no país, após a compra das operações brasileiras pelo Bradesco.
Outros estrangeiros recentemente incorporados à carteira de clientes de custódia do BNP Paribas incluem o banco japonês Mizuho, o ABN Amro, e o chinês ICBC.
O Citi anunciou no começo do ano que pretende vender suas operações de varejo no Brasil.
Segundo o chefe de Vendas e Relacionamento do BNP Paribas no Brasil, Antônio Nascimento, o banco também vê oportunidade no crescente interesse de investidores nacionais por ativos no exterior, que tem crescido após regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) permitindo que alguns fundos domésticos invistam até 100 por cento dos recursos em ativos fora do país.
"No mercado local, vemos como improvável uma mudança significativa do atual cenário competitivo, mas para clientes estrangeiros investindo aqui e para brasileiros no exterior acreditamos ser mais competitivos", disse Nascimento.