Após ter ensaiado estender os ganhos da quinta-feira, retomando o nível de 115 mil pontos no melhor momento desta sexta-feira, o Ibovespa chegou a se curvar à pressão do dólar, que foi a R$ 5,7568 na máxima desta sexta, lançando então o índice de ações da B3 a terreno negativo. Ao fim, mostrava alta de 0,91%, a 114.780,62 pontos, acumulando perda de 1,24% na semana, após ganho de 1,81% no intervalo anterior - nas últimas cinco semanas, sem interrupção, tem alternado perdas e ganhos, refletindo grau maior de incerteza associado à pandemia, à extensão do distanciamento, às iniciativas de mitigação de danos econômicos e sociais, e, no exterior, a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries.
No mês, faltando três sessões para o encerramento de março, o Ibovespa acumula ganho de 4,31%, colocando as perdas do ano a 3,56%. O giro financeiro desta sexta-feira ficou em R$ 33,2 bilhões. Com abertura a 113.750,08 pontos, o Ibovespa alcançou na máxima do dia os 115.415,60 pontos, com mínima, à tarde, a 113.305,43 pontos, enquanto o dólar à vista ia às máximas da sessão.
"Esse dólar estourando reflete cenário fiscal que vem se estrangulando, pressionado pela crise do coronavírus, que resulta em apelo por mais gastos públicos, mais auxílio, mais medidas populistas, sem perspectiva ainda de alguma retomada econômica, o que se reflete em especial nas ações com exposição à mobilidade, como as administradoras de shoppings e as empresas do setor de educação", diz Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos. Heloïse Sanchez, analista da Terra Investimentos, observa em nota que a aprovação do Orçamento para 2021, na quinta, com emendas que elevam gastos, contribui para manter o real entre as moedas emergentes mais pressionadas.
Assim, o peso do câmbio chegou a deixar em segundo plano o que de positivo emergiu nesta sexta-feira, como o anúncio da vacina própria do Butantan, em dia favorável no exterior, com boa leitura sobre a confiança do consumidor nos EUA e a reiteração, nesta semana, de viés ainda estimulativo para a política monetária americana.
"Em ambiente de juros muito baixos lá fora, as ações de commodities refletiam isso, especialmente mais cedo, com o prosseguimento do 'reflation trade'", diz Akamine, chamando atenção também para o atraso na desobstrução do canal de Suez, que manteve o petróleo em alta acima de 4% nesta sexta. Em Nova York, os três índices de referência mostravam ganhos acima de 1% no fechamento, dando suporte ao segundo ganho consecutivo do Ibovespa, apesar das incertezas domésticas.
Na ponta negativa do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para queda de 4,51% na ação da Cogna (SA:COGN3), à frente de Qualicorp (SA:QUAL3) (-3,42%) e de JHSF (SA:JHSF3) (-3,02%). No lado oposto, Pão de Açúcar (SA:PCAR3) subiu 5,90%, com Bradespar (SA:BRAP4) em alta de 5,69% e Gerdau PN (SA:GGBR4), de 5,26%. No pior momento do dia, Petrobras (SA:PETR4) chegou a zerar ganhos, mas ao fim da sessão mostrava alta de 1,12% na PN e de 1,48% na ON (SA:PETR3), enquanto Vale ON (SA:VALE3) subia 3,34%. As ações de bancos chegaram a mostrar desempenho misto, mas ao fim se firmaram em alta, com destaque para Santander (SA:SANB11) (+3,46%).