O Ibovespa conclui a semana acumulando leve perda de 0,90% no período, vindo de recuperação de 4,70% no intervalo anterior. Nesta sexta-feira, o índice da B3 se alinhou ao dia negativo no exterior, movido por novo avanço dos rendimentos dos Treasuries em meio à expectativa por mais inflação nos Estados Unidos, em consequência da política monetária acomodatícia e do novo pacote fiscal, de US$ 1,9 trilhão, sancionado na quinta-feira pelo presidente Joe Biden.
Com a já precificada aprovação da PEC Emergencial, e o pouco efeito da leitura sobre o varejo doméstico nesta sexta-feira, o Ibovespa, vindo de três dias de ganhos, fechou esta última sessão da semana em baixa de 0,72%, aos 114.160,40, tendo se mantido em variação mais contida, entre mínima de 113.253,10 e máxima de 114.983,76 pontos, da abertura.
Mais fraco, o giro financeiro foi de R$ 28,6 bilhões. No mês, o índice avança 3,75%, limitando as perdas a 4,08% no ano.
"Os preços ao produtor nos EUA entregaram outro ganho sólido", observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York, chamando atenção para o aumento da demanda final no PPI, na comparação ano a ano, de 1,7% para 2,8%, o maior desde 2018.
Para o analista, o avanço da inflação ao produtor em fevereiro, que deve se estender ao mês seguinte, dá suporte à ideia de "uma subida modesta nos preços gerais", o que resultou nesta sessão em elevação dos rendimentos dos Treasuries. A depender da próxima leitura do índice, pode ganhar força o argumento de que descontrole da inflação é um "risco de curto prazo", conclui.
Neste contexto, a atenção global se volta na próxima semana para a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), em busca de novos sinais sobre a orientação da política monetária nos Estados Unidos.
"O mercado estressou um pouco esta semana com o aumento dos juros futuros lá fora, precificando uma retomada da economia com certa inflação nos Estados Unidos, o que abriu os juros de 10 anos. Mas, como um todo, o cenário ainda é positivo, o que tem segurado um pouco é o político e as dificuldades internas", diz Márcio Gomes, analista da Necton Investimentos, que vê espaço para o Ibovespa buscar os 116 mil pontos na próxima semana, se as ações de bancos, segmento de maior peso no índice, avançarem. "É interessante notar que mesmo o setor de shoppings, diretamente atingido pela retomada do lockdown, com ações que estavam muito 'amassadas', teve bom desempenho na semana, o que talvez indique que o mercado avalia que o fundo ficou para trás, e que a perspectiva é de melhora, com a vacinação", acrescenta o analista.
Assim, Multiplan (SA:MULT3) foi a segunda maior alta (+3,94%) do Ibovespa na sessão, acumulando até aqui ganho de 17,94% no mês. BR Malls (SA:BRML3) subiu nesta sexta 2,21% e avança 10,90% em março, enquanto Iguatemi (SA:IGTA3) fechou a sexta em alta de 1,60%, avançando 10,36% no mês. Com queda de 3,08% no preço do minério de ferro nesta sexta-feira na China (Qingdao), o setor de mineração e siderurgia fechou o dia em baixa, puxada por Vale ON (SA:VALE3) (-2,31%). Os bancos encerraram a sexta-feira na maioria com o mesmo desempenho da semana, negativo, com perdas entre 0,08% (Bradesco PN (SA:BBDC4)) e de 3,39% (Santander (SA:SANB11)) acumuladas neste intervalo de cinco sessões.
Refletindo o fortalecimento global do dólar em meio à pressão sobre os juros nos EUA, o petróleo teve dia de moderada correção após os ganhos recentes, colocando Petrobras ON (SA:PETR3) e PN (SA:PETR4) em baixa respectivamente de 1,09% e 0,52% no fechamento desta sexta-feira. Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para perda de 5,21% em B2W (SA:BTOW3), de 4,22% em Via Varejo (SA:VVAR3), e de 3,56% em Lojas Americanas (SA:LAME4). No lado oposto, Embraer (SA:EMBR3) subiu 4,80%, Multiplan, 3,94% e Eztec (SA:EZTC3), 3,03% na sessão.