Por Lisandra Paraguassu
(Reuters) - O Brasil espera resolver até a próxima semana um impasse envolvendo navios do Irã, parados ao largo do porto de Paranaguá (PR), sem que haja problemas para o país e a Petrobras (SA:PETR4), que se negou a fornecer combustível para as embarcações, disse nesta sexta-feira o presidente Jair Bolsonaro.
Ele afirmou que tem conversado com a embaixada norte-americana sobre a situação dos navios iranianos no Brasil, e acrescentou que uma das dificuldades seria o pagamento pelo combustível, já que bancos não estariam querendo intermediar pagamento à Petrobras, também temendo sanções dos EUA, assim como a estatal.
"Bancos não querem, outros, né, não querem receber o recurso para esse reabastecimento do navio. Então espero que nas próximas horas, ou até no máximo segunda-feira, a gente resolva esse problema sem criar qualquer rusga com os Estados Unidos", disse o presidente ao sair do Palácio da Alvorada para uma viagem a Goiânia.
A declaração foi dada após o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ter determinado nesta semana que a Petrobras deve reabastecer os dois navios iranianos que estão há mais de 50 dias parados nas proximidades do porto de Paranaguá.
Ambos trouxeram ureia ao Brasil, em contrato realizado pela empresa brasileira Eleva Química, e deveriam levar milho de volta ao Irã.
A Petrobras se recusou a fornecer o combustível, alegando que poderia ser alvo de sanções americanas se o fizesse, já que os EUA adotaram sanções unilaterais contra o país e podem sancionar empresas que operam em seu território e façam negócios com o Irã.
Em sua decisão, Toffoli argumenta que a Eleva, contratante dos navios, não está na lista de entes sancionados pelos Estados Unidos, que o não abastecimento traria prejuízos à balança comercial brasileira e que o governo americano não sancionará a Petrobras por se tratar de cumprimento de uma decisão judicial.
Ao comentar o caso anteriormente, Bolsonaro já havia dito que o seu governo está alinhado com o governo de Donald Trump e que havia avisado as empresas brasileiras sobre os riscos. Nesta sexta, reafirmou o alinhamento com os EUA.
"Nós, o governo Jair Bolsonaro está alinhado sim com o governo Trump. Estamos entrando em contato, temos conversado desde ontem com o embaixador do governo americano nessa questão, mas tem a decisão do Toffoli", disse.
HACKERS
O presidente comentou ainda a informação de que seus telefones podem ter sido alvo dos hackers presos esta semana pela Polícia Federal. Segundo o presidente, ele sempre tomou cuidado com informações confidenciais ou estratégicas.
"Não estou preocupado. Seis meses de governo nunca ninguém chegou na minha sala e disse: 'muda essa vírgula nesse decreto que a gente conversa lá fora'. Tenho a consciência tranquila", disse.