Por Aluisio Alves
SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de concessões de infraestrutura CCR (SA:CCRO3) anunciou nesta quinta-feira que teve prejuízo de 133,2 milhões de reais no quarto trimestre, piorando ante o resultado já negativo de 74,8 milhões na mesma etapa de 2020.
A companhia, porém, teve de outubro a dezembro lucro líquido de 182,6 milhões de reais, ante prejuízo de 12,3 milhões um ano antes, nas mesmas base de comparação.
Segundo a CCR, as diferenças entre esses comparativos têm a ver com efeitos extraordinários, como o vencimento de algumas concessões, como da Rodonorte (PR), que aceleram despesas com depreciação e amortização.
Em termos operacionais, o tráfego nas concessões de rodovias voltaram aos níveis pré-pandemia, afirmou à Reuters a gerente de relações com investidores da CCR, Flavia Godoy. Nas operações de mobilidade urbana e de aeroportos, embora a recuperação também tenha ocorrido, ficaram cerca de 25% abaixo dos níveis de 2019.
A receita líquida de CCR no trimestre, de 2,835 bilhões de reais, cresceu 10,9% sobre um ano antes, uma vez que o fluxo de veículos e passageiros em rodovias, metrôs e aeroportos que administra seguiu crescendo, à medida que as ações de isolamento social tomadas para tentar conter a pandemia foram sendo aliviadas.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado teve crescimento ano a ano de 37,9%, para 1,467 bilhão de reais. A margem Ebitda subiu 10,1 pontos percentuais, para 51,7%.
Em bases comparáveis, o Ebitda avançou 49,7%, para 1,42 bilhão de reais, e a margem evoluiu 13,3 pontos percentuais, para 53,7%.
Segundo Godoy, a CCR planeja participar da disputa por concessões do Rodoanel Norte, na Grande São Paulo, e pela 7ª rodada de aeroportos, prevista para este ano.
"Embora nossa alavancagem financeira tenha subido um pouco por causa de pagamento de outorgas, a empresa ainda tem um patamar confortável para executar a estratégia de crescimento", disse ela à Reuters.
A CCR, cuja sócia Andrade Gutierrez está negociando a venda de sua fatia de 14,9% para o grupo peruano Aenza, segundo disseram fontes à Reuters, venceu em outubro o leilão da concessão da via Dutra, que já administra desde 1996, pagando uma outorga de 1,77 bilhão de reais para ter o direito de operá-la por mais 30 anos.
Do terceiro para o quarto trimestre, a relação dívida líquida/Ebitda ajustado da companhia subiu de 2,4 para 3 vezes.