Por Gabriel Codas
Investing.com - Na primeira hora de negociações da sessão desta segunda-feira na B3, as ações da elétrica mineira Cemig (SA:CMIG4) operam com valorização, mas abaixo dos ganhos do Ibovespa hoje. A companhia fechou o primeiro trimestre com prejuízo de R$ 57 milhões, ante lucro de R$ 797 milhões no mesmo período de 2019, sob impacto da alta do dólar sobre a dívida em moeda estrangeira e por sua fatia na Light (SA:LIGT3).
Por volta das 10h52, os papéis tinham alta de 1,58% a R$ 8,34. O Ibovespa tinha ganhos de 3,48% a 80.257 pontos.
A empresa controlada pelo governo de Minas Gerais registrou resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, de R$ 1,365 bilhão, queda de 6,6% na comparação anual, segundo balanço divulgado na noite de sexta-feira.
Mas, se considerados efeitos não recorrentes, como um efeito negativo de 609 milhões de reais referente à remensuração do valor da participação da companhia na Light, o Ebitda fechou com queda de 44,7% ano a ano, em 808 milhões de reais.
Visão dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) destaca que o preço-alvo (de R$ 13) é derivado do DCF e descontado a uma taxa WACC real de 5,4% para os negócios de distribuição e 4,9% para geração. Na visão dos analistas, a Cemig possui uma posição de caixa muito forte quando comparada ao seu cronograma de amortização de dívida (principalmente concentrado em 2024). Eles lembram que as ações caíram quase 40% no acumulado do ano e, nesses níveis, enxergam negociando a uma TIR real implícita de 10,7%, que consideram atrativa em termos de compensação de risco-retorno.
Balanço
Além da reavaliação do valor das ações na Light, avaliadas pela Cemig agora como “ativo mantido para venda”, a elétrica mineira sofreu forte baque da alta do dólar, após ter realizado nos últimos anos captações em moeda estrangeira, com eurobonds.
A dívida em moeda estrangeira gerou efeito negativo de 437,76 milhões de reais no resultado financeiro da unidade de geração e transmissão, Cemig GT, mesmo considerado instrumento de hedge. No primeiro trimestre de 2019, o efeito combinado da dívida e do hedge havia sido positivo em 119,5 milhões de reais.
Com isso, a Cemig GT encerrou os primeiros três meses do ano com prejuízo de 4 milhões de reais, contra lucro de 584 milhões no mesmo período de 2019.
Já a Cemig-D, responsável pela distribuição de energia em Minas Gerais, encerrou o período com lucro de 197 milhões de reais, contra 393 milhões no ano anterior.
A energia distribuída pela Cemig-D teve queda de 2% na comparação anual. A empresa não comentou no balanço se a pandemia de coronavírus impactou os números, mas atribuiu a efeitos do vírus uma alta de 4% na inadimplência desde o fim de 2019, para 5,29%.
Em receita líquida, a Cemig somou 6,06 bilhões de reais de janeiro e março, com avanço de 2,5% ano a ano.
Os investimentos da companhia somaram 326,8 milhões de reais no período. A meta para 2020 é de 2,27 bilhões.