Investing.com – A companhia elétrica Cemig (BVMF:CMIG4) realizou o seu Dia do Investidor nesta semana, detalhando seu Plano Estratégico, com presença do CEO, executivos seniores e representantes do Estado de Minas Gerais. Após o evento, analistas consideraram que a empresa busca maior eficiência e modernização das estruturas, apesar dos ruídos políticos a respeito de uma eventual federalização.
Com alavancagem considerada confortável, a Cemig deve elevar o indicador de forma gradual até cerca de 2,5x até 2027 com o avanço de seu plano de investimentos, ainda que mire em outras oportunidades para sua expansão.
“Há muito que MG carece de investimentos robustos em energia. Em resposta, um grande pedaço desses recursos se concentrará na expansão e modernização da infraestrutura de rede da Cemig, com o objetivo de atender aos padrões regulatórios de qualidade, gerar eficiência de custos por meio de economias de escala e aumentar a demanda de energia, que tem sido restringida pelo crescimento da geração distribuída nos últimos anos”, ressaltou o BTG (BVMF:BPAC11) em relatório divulgado a clientes e ao mercado em que recomenda posição neutra para a ação, com preço-alvo de R$11.
A Cemig teria passado por “uma reviravolta significativa” desde 2019, lembra o BTG, ao mencionar desinvestimentos de ativos não essenciais, redução de perdas de energia e melhorias na eficiência operacional, o que possibilitou o anúncio do seu plano de investimentos. “Uma venda adicional de ativos não essenciais, incluindo a Taesa (BVMF:TAEE11), poderia ser uma prioridade, potencialmente gerando dividendos extraordinários”, entendem os analistas Joao Pimentel, Gisele Gushiken e Maria Resende.
Investimentos e dividendos
Com distribuição de R$2,236 bilhões em proventos anunciados neste ano, ainda há possibilidade de pagamento de dividendos extraordinários adicionais no futuro, desde que continue seu processo de desinvestimento de participações minoritárias.
Com investimentos robustos, a capacidade da empresa de pagar dividendos no futuro não deve ser comprometida, buscou argumentar a gestão, ainda que haja alta na alavancagem, mas em um ritmo saudável, pois a empresa estaria subalavancada neste momento.
“Apesar do endividamento sob controle, a empresa foi enfática em sua moderação no que diz respeito ao pagamento de dividendos ou eventuais aquisições e deve permanecer com sua política de distribuição de apenas 50% do seu lucro líquido”, disse em relatório o analista da Genial Vitor Sousa, que possui recomendação neutra e preço-alvo de R$12,50.
A empresa deve priorizar investimentos locais em detrimento de empreendimentos em outros lugares, após um passado com participações minoritárias, que foram desfeitas, destacou o Itaú BBA.
“Esse foco levou a uma distribuição acumulada de R$ 12,7 bilhões em dividendos e JCP desde 2019. Em detrimento dos investimentos de participações minoritárias, a empresa embarcou no maior plano de capex de sua história, altamente focado em investimentos no estado de origem”, detalharam os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Victor Cunha.
Cerca de 80% do total de investimentos será direcionado para segmentos regulados, como energia, gás natural e transmissão. Para os não regulados, como a geração, a Cemig não estará exposta aos preços de energia no nível do projeto.
“Acreditamos que a estratégia da empresa, que agora prioriza segmentos regulados, investimentos em estados de origem e evita investimentos não essenciais de risco, reflete uma abordagem prudente à criação de valor para os acionistas”, entende o Itaú BBA, que tem indicação market perform para a Cemig, equivalente à neutra, sem definição de preço-alvo.
Discussões sobre federalização e privatização
Com discussões sobre a federalização da companhia em andamento diante da dívida de R$ 178 bilhões da Cemig, o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de Minas Gerais disse que o governo não se opõe a uma discussão sobre federalização, mas elencou adversidades, como vauation da companhia e os direitos de tag along, o que poderia desestimular a federalização.
No entanto, o Itaú BBA considera que “as condições de contorno propostas no Projeto de Lei criam um ambiente razoável para que o Governo de Minas Gerais busque um caminho para a regularização de seu equilíbrio fiscal sem exigir a federalização da Cemig”.
O secretário Fernando Passalio teria concluído, no entanto, que seria mais viável a adesão do estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), diante da liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal, completa o BTG.
“Seguimos com a esperança do assunto da privatização da empresa voltar a mesa após a realização das eleições municipais por acharmos que o processo de federalização não deve acontecer nos melhores termos nem para a empresa e nem para o próprio governo federal”, entende a Genial.