SÃO PAULO (Reuters) - A estatal mineira de eletricidade Cemig (SA:CMIG4) reportou prejuízo líquido de 60,370 milhões de reais no segundo trimestre, ante lucro de 138,1 milhões de reais no mesmo período de 2017, impactada principalmente por uma elevada despesa financeira decorrente da variação cambial após uma emissão de títulos no exterior (eurobonds).
No primeiro trimestre deste ano, a companhia controlada pelo governo mineiro havia apresentado um lucro líquido de 464,6 milhões de reais.
Com negócios em geração, transmissão e distribuição de energia, além de ativos em setores como gás e tecnologia, a Cemig teve lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de 810,143 milhões de reais no segundo trimestre, alta de 9,53 por cento na comparação anual.
A receita líquida da elétrica somou 5,5 bilhões de reais no trimestre, alta de 6,3 por cento na comparação anual, enquanto custos operacionais totalizaram cerca de 4,86 bilhões de reais, contra 4,7 bilhões no período entre abril e junho de 2017.
Já o resultado financeiro foi negativo em 696,8 milhões de reais, contra uma despesa financeira líquida de 341,5 milhões no ano anterior. A Cemig disse que o número foi impactado por uma despesa de 532 milhões de reais pela variação cambial relacionada a uma emissão no exterior realizada em dezembro passado, no valor de 1 bilhão de dólares.
Segundo a Cemig, o custo foi parcialmente compensado com ganhos em instrumentos financeiros de 82,9 milhões, representando então uma despesa líquida de 449 milhões de reais no segundo trimestre.
A empresa disse que a despesa com variação cambial não foi compensada pelos instrumentos de hedge contratados para a operação devido à maior variação da curva futura esperada para o CDI em comparação à expectativa de variação do dólar, "situação ocorrida basicamente nos meses de maio e junho de 2018, em função da instabilidade no cenário macroeconômico".
Com os resultados, a Cemig fechou o trimestre com uma dívida consolidada de 14,6 bilhões de reais. A dívida líquida foi de 13,3 bilhões, ou alta de 8,4 por cento frente ao final de 2017.
A companhia disse que a dívida cresceu 206 milhões de reais no primeiro semestre do ano, mesmo com amortizações superiores às captações no período, principalmente devido a uma valorização de 16 por cento do dólar frente ao real, "o que impactou diretamente o saldo da dívida dos eurobonds".
A elétrica tem 1,7 bilhão de reais em dívidas a vencer neste ano e 2 bilhões em 2019.
CONTROLADAS
A Cemig ainda apurou no segundo trimestre uma perda líquida de 83,1 milhões de reais com ativos nos quais detém participação, contra ganho de 30,5 milhões no mesmo período do ano passado.
A empresa disse que o resultado decorreu principalmente de perdas com as participações na empresa de energia limpa Renova Energia (SA:RNEW11) (47,77 milhões), na hidrelétrica de Santo Antônio (93,8 milhões) e na Light (SA:LIGT3) (21,1 milhões), parcialmente compensadas por lucros em outros ativos, como a transmissora de energia Taesa (SA:TAEE11) (+ 54,5 milhões).
(Por Luciano Costa; reportagem adicional de Raquel Stenzel)