SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica mineira Cemig (SA:CMIG4) prevê encaminhar uma solução para a obrigação da companhia de comprar as fatias de seus sócios na Light (SA:LIGT3) por meio da "venda de ações fora do bloco de controle de empresa participada", segundo comunicado da companhia ao mercado nesta segunda-feira.
A Cemig não detalhou de qual empresa poderia vender ações.
Há apostas, no entanto, de que a empresa poderia colocar no mercado parte de sua fatia na transmissora de eletricidade Taesa (SA:TAEE11), onde é sócia controladora junto à colombiana Isa.
Analistas do Itaú (SA:ITUB4) BBA escreveram no final de setembro que provavelmente a Cemig terá que apelar à "venda de ativos líquidos e de alto valor, como a Taesa" para levantar recursos e reduzir sua enorme dívida.
Procurada, a Cemig não respondeu a um pedido de comentário sobre a operação envolvendo a Light.
A Cemig tem obrigação de comprar até o final deste ano a fatia de seus sócios financeiros na Light ou encontrar outros compradores, devido a um contrato assinado anteriormente entre as partes.
Os sócios financeiros da Light são Banco do Brasil (SA:BBAS3), Santander (SA:SANB11) e BV Financeira, cada um com cerca de 3 por cento da companhia.
Na Taesa, a Cemig detém 31,5 por cento, contra 14,9 por cento da Isa.
OUTRAS AÇÕES
No comunicado desta segunda-feira, a Cemig também disse que deverá reduzir custos em aproximadamente 450 milhões de reais por ano após programas de demissão voluntária realizados em 2016 e 2017 alcançarem 1.948 inscritos.
A elétrica também disse que segue com esforços para captar cerca de 1 bilhão de dólares em dívida no exterior e para renegociar 4 bilhões de reais em dívidas junto a seus principais bancos credores.
A Cemig ainda afirmou que conta com processos em andamento para vender suas participações na hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, na Light e na Renova Energia (SA:RNEW11), de geração renovável.
"Esses processos encontram-se dentro do prazo considerado adequado para alienação de empresas desse porte", disse a companhia.
A Cemig anunciou um plano de vender até cerca de 8 bilhões de reais em ativos, mas até o momento o avanço lento dos negócios tem levantado preocupação.
No final de outubro, uma representante do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cobrou em assembleia de acionistas da Cemig que a companhia siga adiante com as vendas de ativos "para redução da alavancagem".
A Cemig fechou junho com uma relação entre dívida líquida e geração de caixa de 3,98 vezes, ante um limite original de 2 vezes previsto no estatuto da companhia.
(Por Luciano Costa)