SÃO PAULO (Reuters) - Estrategistas do Citi mantêm recomendação "overweight" (acima da média) para o real, bem como para moedas de mercados emergentes, citando que no caso brasileiro a comunicação do Banco Central continua "hawkish" (inclinada a mais altas de juros), o que deve seguir como o principal determinante no curto prazo, disseram em relatório.
Em meio a riscos de menor crescimento da economia doméstica em 2022 e inflação mais alta, tendo como pano de fundo externo debate sobre corte de estímulos pelo Fed, os profissionais do Citi avaliam que o principal risco para a taxa de câmbio segue do lado das contas públicas.
Na América Latina, o Citi se diz "levemente vendido" em dólar (apostando na queda da moeda) dentro da carteira de bônus da região, e ainda "comprado" (vendo alta) no real e no peso uruguaio.
Em CEEMEA (Europa, África e Oriente Médio), o banco segue vendo ganhos para rublo russo e rand sul-africano. Na Ásia, as apostas são em iuan chinês e ringgit malaio contra peso filipino e baht tailandês.
"DOAR" JUROS
Em relação ao mercado de renda fixa do Brasil, os estrategistas do Citi dizem ter notado clientes "reticentes" para assumir posições "doadas" de juros --ou seja, que ganham com a queda nas taxas--, com essa postura sendo mais visível entre os locais.
Os motivos vão desde receio antes da leitura do IPCA de setembro à deterioração das expectativas de inflação para 2022, passando pelo temor em torno do nó dos precatórios.
Os profissionais observaram que a queda dos DIs depois da divulgação da carta do presidente Jair Bolsonaro à nação --no último dia 9, que se seguiu a uma péssima reação de investidores a um discurso do presidente no 7 de Setembro-- foi predominantemente ditada por redução de posições tomadoras de juros do que por abertura de posições doadoras.
"Por fim, destacamos que o IPCA deve agora atingir o pico em setembro, e não em agosto. Isso empurra um pouco mais para a frente quaisquer janelas para se iniciar posições doadoras em juros com base na lógica que se deve vender taxa quando o IPCA atinge o pico", disseram os estrategistas no relatório.
O IPCA de agosto veio bem acima do esperado, mostrou a taxa mais alta para o mês desde 2000 e no cálculo de 12 meses ficou perto de dois dígitos. O IPCA de setembro será divulgado em 8 de outubro.
(Por José de Castro)