Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Cogna (BVMF:COGN3) teve prejuízo líquido de 29,1 milhões de reais no terceiro trimestre, bem menor do que a perda apurada um ano antes, de 102,6 milhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo grupo de educação, que mostrou relevante melhora no resultado operacional.
Em termos ajustados, a companhia apurou lucro de 32,8 milhões de reais, revertendo o prejuízo de 44,1 milhões no mesmo período de 2023.
A receita líquida somou 1,28 bilhão de reais, quase estável (+0,9%), com expansão na unidade Kroton (+13,3%), mas queda em Vasta (-14,6%) e Saber (-28,6%). O Ebitda recorrente consolidado saltou 25,9%, para quase 385 milhões de reais, com a margem nessa métrica aumentando em 6 pontos percentuais, para 30%.
Projeções compiladas pela LSEG apontavam Ebitda de 363 milhões de reais.
A companhia reportou uma geração de caixa operacional após investimentos (capex) de 400,1 milhões de reais no terceiro trimestre (+57%), citando "estratégia bem executada de Kroton com melhor conversão de caixa e restituição de créditos tributários pela Receita Federal", de 115,9 milhões no período.
O presidente-executivo da Cogna, Roberto Valério, afirmou à Reuters que a empresa que segue confiante de que atingirá o guidance de 1 bilhão de reais de geração de caixa após capex em 2024, uma vez que nos primeiros três trimestres do ano já acumulou 707 milhões de reais.
Ele explicou que, mesmo que a unidade Kroton perca um pouco de velocidade de crescimento em termos de receita no quarto trimestre, as divisões Vasta e Saber tendem a mostrar números melhores, em parte por questões sazonais, então "você pode esperar no geral de Cogna (um resultado) melhor".
"Kroton continua bem no quarto trimestre, mas Saber e Vasta vão ajudar mais a Cogna no quarto trimestre", afirmou.
A companhia também está confiante de que alcançará um valor acima de 2,1 bilhões de reais de Ebitda recorrente para 2024. Nos primeiros nove meses do ano, o Ebitda recorrente somava 1,36 bilhão de reais.
"Nós estamos muito próximos de entregar lucro líquido", afirmou o executivo, reafirmando a confiança de fechar o ano no azul. Até o final de setembro, a Cogna ainda acumulava um prejuízo líquido de quase 46 milhões de reais em 2024. A última vez que reportou lucro na última linha do balanço foi em 2019.
DÍVIDA, M&A
A alavancagem da empresa medida pela relação dívida líquida/Ebitda passou para 1,58 vez no terceiro trimestre, menor nível em 22 trimestres, desde o quarto trimestre de 2018, de 1,88 vez um ano antes, com a dívida líquida caindo 7,8%, para 3,05 bilhões de reais.
Valério destacou que, apesar do aumento da Selic, o grupo gastará menos com juros em 2025 porque a dívida está menor. "Além de desalavancar, fizemos várias ações de 'liability management, então o custo da nossa dívida está bem menor esse ano do que estava no ano passado", afirmou.
Na véspera, o Banco Central elevou a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 11,25% ao ano, após reiniciar o ciclo de alta da Selic com um aumento de 0,25 ponto em setembro. No mercado, a expectativa é de ela encerre o ano a 11,75%.
Quanto ao efeito nas matrículas, ele ponderou que ainda é muito cedo para avaliar, destacando que a captação do ciclo acabou de começar. "O desempenho está positivo nesses 15 dias comparado com o ano passado, mas é irrelevante, é 1% da captação total... ainda é muito cedo."
O CEO não descartou eventuais aquisições pontuais, mas acrescentou que a estratégia do grupo está focada na desalavancagem. "Potenciais fusões mais transformacionais, elas são muito mais oportunísticas e circunstanciais, mas a gente não tem nenhuma conversa com relação a isso", afirmou.
A Cogna realiza teleconferência sobre os resultados nesta sexta-feira, a partir das 10h.