Por Allison Lampert
MONTREAL, Canadã (Reuters) - O Conselho das Relações Industriais do Canadá ordenou no sábado o fim das interrupções de trabalho nas principais ferrovias do país, indicando o fim para a situação sem precedentes no serviço que ameaçava atingir a economia baseada em exportação.
A corte trabalhista independente tomou a decisão depois que o Canadá pediu, na quinta-feira, para acabar o impasse em conversas separadas com mais de 9 mil membros da Teamsters, da Canadian National Railway (TSX:CNR) CNR.TO e da Canadian Pacific Kansas City CP.TO.
A Teamsters disse, em comunicado, que os direitos dos trabalhadores foram “diminuídos significativamente” com a decisão e que iria apelar no tribunal federal.
A decisão do conselho é a mais recente nas disputas trabalhistas na CN e CPKC, que expulsaram membros do Teamsters na quinta-feira, gerando uma interrupção nos serviços ferroviais que grupos empresariais disseram que poderia causar centenas de milhões de dólares de prejuízos.
O Canadá, o segundo maior país do mundo em área, depende muito dos trens para transportar uma ampla gama de commodities e produtos.
O ministro do trabalho canadense, Steven MacKinnon, disse na rede social X que espera que "as empresas de ferrovias e os seus funcionários voltem a trabalhar o quanto antes".
A decisão vai recomeçar as operações ferroviárias na CPKC, na qual os trabalhadores foram expulsos e estariam em greve na segunda-feira, disse a empresa em comunicado.
Um porta-voz da Teamsters disse que os trabalhadores não voltariam antes, apesar do pedido da CPKC de retorno no domingo.
"Acreditamos que vai levar várias semanas para que a rede ferroviária consiga se recuperar completamente da interrupção e um tempo maior para a cadeia de logística se estabilizar”, disse a CPKC.
A decisão do conselho evitou uma greve planejada na segunda dos engenheiros de locomotiva e outros trabalhadores na CN, de Montreal, depois que a principal ferrovia canadense terminou um lockout e começou voltar a operar. Os Teamsters confirmaram que os trabalhadores da CN não vão entrar em greve depois da decisão do conselho.
Além de exigir o fim da interrupção, o conselhou implementou demandas do governo como impor arbritagem obrigatória entre as partes para garantir novos acordos e exigir a continuação dos contratos vigentes até que novos sejam acordados.
"A decisão do conselho abre um precedente perigoso", disse Paul Boucher, presidente da Teamsters Canada Rail Conference. "Indica para as corporações canadenses que elas precisam apenas parar as suas operações por algumas horas, infringir prejuízos de curto prazo, e o governo federal vai agir para quebrar o sindicato".
Um porta-voz da CN disse que a empresa preferia um acordo negociado, mas “estamos satisfeitos que isso coloca um fim na interrupção”.