O cenário nebuloso sobre os rumos da economia, principalmente por conta da indefinição da equipe ministerial e da política de gastos públicos, causou impacto negativo sobre os níveis de confiança do empresariado do mercado imobiliário nas últimas semanas. Esse efeito, porém, não foi suficiente para comprometer as expectativas para os lançamentos e as vendas no ano que vem, que continuam positivas.
O otimismo maior está entre as incorporadoras que atuam no segmento de imóveis para a população de baixa renda, que deve receber incentivos durante o novo governo. Além disso, o programa Casa Verde e Amarela conta com linhas de crédito com taxas subsidiadas e protegidas contra o ciclo de alta dos juros.
Já nos demais segmentos, há uma preocupação com os níveis elevados dos juros nos financiamentos. Os consumidores de alta renda são mais resilientes a esses efeitos, enquanto o de média renda sente mais no bolso o peso dos juros.
"É esperado que setor da habitação econômica seja colocado como prioridade do novo governo. Essa é uma aposta meio que certa de todos que estão no mercado", disse Rogério Santos, fundador da plataforma de intermediação imobiliária UBLink. "Na média renda, a alta dos juros pode tornar a compra do imóvel proibitiva."
A percepção de Santos é de que o mercado deve ter uma leve arrefecida enquanto as incertezas sobre os rumos do País não são dissipadas. Enquanto isso, a definição de novos projetos ficará em compasso de espera. Por sua vez, os projetos que já estavam programados vão continuar fluindo.
Essa também é a visão do diretor institucional da imobiliária Lopes, Cyro Naufel. Para ele, as incertezas com a transição de governos atrapalham, mas não paralisam o setor. "O mercado se assustou um pouco com o apetite dos gastos públicos ventilados até aqui pelo governo eleito. A indefinição dos nomes da equipe ministerial também gera incertezas."
Naufel também afirmou esperar um cenário mais promissor para o mercado de imóveis econômicos, dentro do Casa Verde e Amarela. "Na ponta do alto padrão, também temos cenário positivo. O cliente de alta renda não depende tanto da taxa de juros. O mercado de médio padrão é que pode ficar mais apertado."
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.