Por Joey Roulette e Tim Hepher e Giulia Segreti
MILÃO (Reuters) - Agências espaciais mundiais se reúnem em Milão nesta semana, com a rivalidade geopolítica alimentando uma nova corrida global na órbita da Terra e na Lua e o grande envolvimento de um setor privado que se esforça para acompanhar o ritmo da SpaceX de Elon Musk.
Desde 1950, o Congresso Astronáutico Internacional (IAC) tem sido um local para que cientistas, engenheiros, empresas e líderes políticos de nações que exploram o espaço discutam cooperação, mesmo em tempos de tensões crescentes entre as potências mundiais.
A conferência deste ano coloca as mentes espaciais de dois grandes rivais -- EUA e China -- sob o mesmo teto. Mas a agência espacial russa Roscosmos, uma potência histórica agora isolada do Ocidente após a invasão da Ucrânia por Moscou em 2022, não terá presença oficial, destacando as mais recentes falhas na cooperação espacial.
Ainda assim, quase todos os 77 países membros da Federação Astronáutica Internacional (IAF), a organização sem fins lucrativos que organiza o Congresso, comparecem para conversas que os participantes esperam que abordem fortemente a exploração lunar, a crescente coalizão de países sob o programa lunar Artemis da Nasa e a necessidade premente da Europa de acesso mais soberano ao espaço.
O presidente da Federação, Clay Mowry, disse que um recorde de 7.197 resumos técnicos foi enviado para este congresso, e um recorde de 37% dos trabalhos será apresentado por estudantes e jovens profissionais.
"Este é o momento mais empolgante no espaço desde a era Apollo na década de 1960", ele disse à Reuters.
Espera-se que o administrador da Nasa, Bill Nelson, reúna apoio no Congresso para a estratégia da agência de recorrer a empresas privadas para substituir a envelhecida Estação Espacial Internacional após sua aposentadoria em 2030. O laboratório científico em órbita, com mais de duas décadas de existência, tem sido um símbolo da diplomacia espacial, liderado principalmente por EUA e Rússia, apesar dos conflitos na Terra.
A Nasa, que está investindo bilhões de dólares em seu principal programa lunar Artemis, tem se empenhado em manter uma presença na órbita baixa da Terra para competir com a estação espacial Tiangong da China, que abriga astronautas chineses continuamente há três anos.
EUA e China também estão correndo para pousar nesta década os primeiros humanos na Lua desde a última missão norte-americana Apollo, em 1972. As duas potências espaciais estão cortejando agressivamente países parceiros e se apoiando fortemente em empresas privadas para seus programas lunares, moldando os objetivos espaciais de agências espaciais menores ao longo do caminho.
PRIORIDADES DA EUROPA
O Congresso será realizado no momento em que o Parlamento italiano inicia a aprovação da primeira estrutura legislativa do país para o setor espacial, que também estabelece regras e responsabilidades para investimentos privados no setor.
"Essas regras dão ao ecossistema nacional orientação sobre como atingir nossos objetivos e garantir o uso do espaço de forma sustentável e útil", disse o ministro da Indústria da Itália, Adolfo Urso, no domingo.
A Itália, um dos principais contribuintes da Agência Espacial Europeia, recentemente prometeu 7,3 bilhões de euros até 2026 para projetos nacionais e europeus.
O surgimento de novas tecnologias espaciais, a concorrência privada estimulada em grande parte pela SpaceX e as tensões geopolíticas forçaram a Europa a redefinir suas prioridades para lançadores e satélites.