SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Eletrobras (BVMF:ELET3) devem continuar a sofrer com volatilidade em razão dos ruídos criados pela posição crítica do governo em relação à privatização da elétrica, apontou o Credit Suisse (SIX:CSGN) em nota a clientes comentando uma mensagem enviada pela presidência da República ao Congresso na quinta-feira.
Em relatório a parlamentares, o governo fez, entre outros apontamentos, críticas à privatização da Eletrobras, se dizendo preocupado em mitigar "consequências negativas" do processo sobre as tarifas de energia devido à descotização e à concentração de poder de mercado em uma empresa privada. Também disse que "inquieta e deve ser foco de atenção" a perda por parte da União da capacidade de influenciar os rumos da elétrica.
As afirmações repetem ideias que haviam sido apontadas pela equipe de transição do governo no início do ano, e que criaram apreensão no mercado.
Analistas do Credit Suisse lembraram que o setor elétrico já enfrentou desafios no passado com intervenções do Estado, como a medida provisória 579 do governo Dilma Rousseff, e que ações do tipo têm consequências negativas para as perspectivas de investimento no setor.
"Os contratos de concessão já foram testados anteriormente, por isso acreditamos que o setor está preparado para enfrentar eventuais desafios. Ainda assim, acreditamos que o ruído criado pode causar volatilidade, como visto no desempenho recente das ações de algumas 'utilities'", escreveram.
A equipe do banco reafirmou que modificações nos estatutos e em contratos da Eletrobras não poderiam ser feitas de forma unilateral.
O CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, comentou nesta semana sobre os posicionamentos do novo governo sobre a empresa, avaliando que as manifestações são mais de cunho político. "O governo vai perceber as vantagens de ser sócio de uma empresa que tem perspectiva de crescimento", afirmou.
(Por Letícia Fucuchima)