Investing.com – Analistas do Santander detalharam cinco principais temas que foram foco dos investidores em 2024 e que devem seguir em debate em 2025, de acordo com relatório divulgado a clientes e ao mercado nesta segunda-feira, 06 de janeiro.
Mudanças macroeconômicas e incertezas relacionadas ao aumento de juros tendem a movimentar os mercados, com possíveis ajustes nas expectativas de lucros. Além disso, o dólar forte pode impulsionar ganhos em empresas com receitas expostas à moeda americana, enquanto segmentos específicos podem ser favorecidos com o boom em inteligência artificial e data centers:
- Estratégia de ações com problemas macro a ganhos micro
Diante da incerteza macroeconômica, o Santander (BVMF:SANB11) entende ser preciso adequar a estratégia a inflação e juros mais altos, com menor crescimento da economia. “Em situações em que o cenário macroeconómico é tão desafiante como o atual, acreditamos que, em vez de nos basearmos em análises top-down para orientar as nossas decisões de investimento, faz mais sentido recorrer a uma perspectiva bottom-up para descobrir empresas que possam resistir a este ambiente macroeconômico difícil”, argumentam os analistas.
- Semelhanças e diferenças em relação à crise de 2014-16
Os anos anteriores à crise econômica de 2014-16 foram marcados por crescimento económico baixo desemprego, mas inflação elevada, com preços administrados, como energia e combustível em níveis artificialmente baixos devido à intervenção governamental. O período também teria sido marcado por superávits fiscais diante de receitas temporárias, antecipação de receitas e postergação de despesas. Além disso, o Banco Central reduziu taxa de juros Selic para 7,5%, mesmo com aceleração inflacionária.
Entre as diferenças do cenário atual, os preços das commodities estão mais elevados, e o país conquistou maior produtividade em setores como o agronegócio. Mas, se o cenário se repetir, o Santander aponta que crises como aquela “favorecem um desempenho relativamente superior de setores defensivos como bancos, serviços públicos e outros ativos de baixa volatilidade, que geram fluxos de caixa previsíveis e recorrentes”.
- Impacto do aumento nos juros nos lucros das empresas
Com a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a Taxa de Juros Selic em pelo menos mais duas ocasiões como indicado no guidance da reunião anterior, em um ponto percentual cada, o banco espera que isso pode levar a uma revisão para baixo das estimativas de consenso, com analistas adotando visão mais conservadora diante das incertezas e ajustes dos juros nas projeções.
Para os analistas, se a Selic subir acima dos 15% esperados pelo mercado, as revisões em baixa dos lucros dos setores não relacionados a commodities poderiam ser ainda mais acentuadas.
- Exposição ao dólar das empresas de capital aberto
Um real mais desvalorizado frente ao dólar veio para ficar – e pode afetar empresas listadas na bolsa de valores brasileira de forma positiva ou negativa. Ao analisar quais companhias possuem maior exposição ao dólar em termos de receitas, despesas, caixa e dívida, entre as empresas que cobre, o Santander elenca empresas do setor de commodities como bons hedges nesse contexto, principalmente metais, mineração, petróleo, gás petroquímica, papel, celulose e agronegócio, além de algumas companhias do setor industrial.
- Crescimento dos data centers e oportunidades para o Brasil
Com a expansão robusta da inteligência artificial, o número de data centers para abastecer essa tecnologia também registra crescimento expressivo, tendo em vista que estas estruturas utilizam muita energia.
Ainda que haja concentração nos EUA e Europa, há dificuldades com o fornecimento de energia e água, o que traz oportunidades para o Brasil, que combina características vantajosas como baixo custo, boas infraestruturas e energia limpa, com eficiência de custos e abundância de abastecimento de água.
Neste contexto, podem ser beneficiados setores de serviços públicos, como produção, transmissão de energia, saneamento, além de telecomunicações, bens de capital, imobiliário e mineração.