Por Mike Spector e Chris Prentice e David Shepardson
(Reuters) - O Departamento de Justiça dos Estados Unidos vai se reunir na próxima semana com advogados das famílias de vítimas fatais de dois acidentes com o 737 MAX, da Boeing (NYSE:BA), que mataram 346 pessoas em 2018 e 2019, enquanto o governo norte-americano decide se seguirá com um processo criminal contra a companhia, de acordo com correspondência revisada pela Reuters.
A reunião, marcada para terça-feira, acontece antes de um encontro agendado para 24 de abril para as próprias famílias das vítimas conversarem com autoridades do Departamento de Justiça.
"Como fizemos anteriormente, achamos que seria produtivo realizar uma reunião apenas com advogados cerca de duas semanas antes da reunião mais ampla", disse Glenn Leon, chefe da seção de fraude do Departamento de Justiça norte-americano, em um email visto pela Reuters aos advogados das famílias das vítimas.
A Boeing não quis comentar. Um porta-voz do Departamento de Justiça não comentou de imediato.
A Boeing conseguiu ficar imune de processos criminais relacionados aos acidentes fatais com o 737 MAX como parte de um acordo firmado com o Departamento de Justiça dos EUA em janeiro de 2021, que envolveu o pagamento pela empresa de 2,5 bilhões de dólares para encerrar uma acusação de conspiração para fraude ligada ao design falho da aeronave. A Boeing teve que cumprir os termos do acordo por um período de três anos, que expirou em 7 de janeiro.
Dois dias antes do término do prazo, em 5 de janeiro, um pedaço da fuselagem do lado esquerdo de um Boeing 737 MAX 9 da Alaska Airlines (NYSE:ALK) se soltou em pleno voo. Não houve mortes.
O Departamento de Justiça tem até 7 de julho para decidir se a Boeing cumpriu ou violou quaisquer termos do acordo de 2021 decorrente dos acidentes fatais envolvendo jatos 737 MAX.
O Departamento de Justiça investiga se a Boeing violou o acordo de 2021 com os promotores, o qual impôs uma série de condições à empresa, incluindo o fortalecimento de seu programa de compliance, disse uma fonte à Reuters. Uma violação poderia permitir ao Departamento de Justiça abrir um caso criminal contra a Boeing.
(Por Mike Spector e Chris Prentice em Nova York, e David Shepardson em Washington; reportagem adicional de Allison Lampert em Montreal)