O Ibovespa voltou a se descolar do exterior nesta quinta-feira, desta vez em direção contrária à de quarta-feira, quando havia conseguido sustentar bons ganhos mesmo nos momentos de maior cautela em Nova York. Nesta quinta, a referência da B3 (SA:B3SA3) perdeu a carona proporcionada por altas superiores a 1,5% em NY, impulsionadas por abertura positiva da temporada de balanços nos Estados Unidos. Depois dos números do JPMorgan (NYSE:JPM) (SA:JPMC34) na quarta, nesta quinta foi a vez de nomes como Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34), Wells Fargo (NYSE:WFC) (SA:WFCO34), Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34) e Unitedhealth (NYSE:UNH) (SA:UNHH34).
Aqui, leitura ambivalente sobre aprovação de projeto na Câmara referente ao ICMS de combustíveis contribuiu para que os investidores modulassem o apetite por risco observado na quarta na B3, e nem mesmo a sinalização do governo de que Petrobras (SA:PETR4) pode ser objeto de privatização teve força para animar o mercado. Ao final, a ON (SA:PETR3) da estatal mostrava perda de 0,17%, enquanto a PN subia apenas 0,17%, em dia de avanço para os preços da commodity, com o Brent a US$ 84 por barril.
O mercado tomou com uma boa pitada de sal a retórica do governo sobre privatização da Petrobras, o que em outras quadras talvez tivesse chegado a estimular o desempenho de suas ações - segundo afirmou na quarta à noite o ministro Paulo Guedes, em Washington, melhor agora do que daqui a 30 anos quando as petrolíferas vierem a valer menos com a transição energética, sugeriu o titular da Economia. "Vou ver com a equipe econômica o que se pode fazer", afirmou nesta quinta o presidente Jair Bolsonaro.
Em outro desdobramento com potencial para fazer preço na B3, o dia acabou também não sendo favorecido pelo desempenho positivo do setor de serviços, em recuperação em agosto pelo quinto mês consecutivo, em alta de 0,50% na margem, embora em desaceleração quando comparado aos meses precedentes, agora 4,6% acima do nível pré-pandemia, em fevereiro de 2020, e com ganho de 11,5% em 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado, observa Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
"Hoje, além desses dados importantes do IBGE, teve também os balanços americanos, principalmente dos grandes bancos, enquanto aqui no Brasil a temporada de anúncios do terceiro trimestre deve ganhar força a partir do dia 22", acrescenta Madruga.
O índice da B3 ficou no negativo ao longo da maior parte da sessão, em baixa de 0,24%, a 113.185,48 pontos no fechamento, não conseguindo tocar a marca dos 114 mil no intradia, ao contrário do que havia sido visto na quarta e na última sexta-feira. No pico desta quinta, foi aos 113.881,35 pontos, saindo de abertura aos 113.456,59, com mínima a 112.707,50 pontos, renovada no fim da tarde. Na semana, ainda avança 0,31%, com ganho de 1,99% no mês - no ano, cede 4,90%. Nesta véspera de vencimento de opções sobre ações, o giro ficou em R$ 32,0 bilhões.
A aprovação de projeto na Câmara disciplinando a incidência do ICMS em combustíveis, se por um lado pode ser positiva para o consumidor e mesmo para a Petrobras, por outro tende a ser combatida pelos Estados, por interferir na arrecadação de importante tributo. Em nota, a Terra Investimentos aponta que os governadores estimam perda de R$ 24 bilhões com a proposta, pela qual a "alíquota do ICMS seria fixada ao longo de 12 meses" e não poderá "exceder, em reais por litro, o valor da média dos preços ao consumidor final praticados no mercado nos dois últimos anos".
"A Bolsa permaneceu hoje em um cenário de incerteza, operando no positivo por duas vezes ao longo do dia, mas também chegando a ampliar perdas à tarde, neste cenário aqui do Brasil de inflação elevada e muito acima do teto da meta. A perspectiva de alta de juros é negativa para a Bolsa, e o dólar tem se recuperado desde o exterior, com dados mais favoráveis sobre a economia americana, como os pedidos semanais de auxílio-desemprego na leitura desta quinta-feira, abaixo do esperado", diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos, acrescentando que a volatilidade deve continuar pautando os negócios na B3, daqui ao fim do ano.
Na ponta do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para Banco Inter (SA:BIDI11) (SA:BIDI4) (Unit +5,17%, PN +5,53%), PetroRio (SA:PRIO3) (+4,45%) e Banco Pan (SA:BPAN4) (+4,41%). Na face oposta, Méliuz (SA:CASH3) (-4,97%), Eztec (SA:EZTC3) (-2,83%) e BRF (SA:BRFS3) (-2,80%). Entre os grandes bancos, as perdas do dia ficaram entre 0,5% e 0,9%, à exceção de Santander (SA:SANB11) (Unit +0,56%). Vale ON (SA:VALE3) fechou estável, sem variação, em dia de fechamento misto para o setor de siderurgia, com CSN ON (SA:CSNA3) (-1,42%) e Usiminas (SA:USIM5) PNA (-0,12%) no negativo e Gerdau (SA:GGBR4) (PN +1,92%, Metalúrgica +0,95%) no positivo.