O dólar hoje opera em baixa no mercado à vista na manhã desta sexta-feira, 28, e pressiona os juros futuros, além da queda dos rendimentos dos Treasuries no exterior. Os investidores estão à espera de uma série de dados dos EUA, incluindo sobre inflação PCE, gastos com consumo e confiança do consumidor.
A moeda americana se alinha à desvalorização externa do índice DXY e também do dólar frente outras divisas emergentes latino-americanas pares do real, como os pesos mexicano, chileno e colombiano.
Essas moedas consideradas mais arriscadas e o iene japonês, tido como um porto seguro, ganham força, sob efeito da decisão do Banco do Japão (BoJ) de "flexibilizar" sua política de controle da curva de juros. Nesta semana, o iene já vem subindo ante a divisa americana nas últimas quatro sessões. Sinais de mais estímulos para o enfraquecido setor imobiliário chinês ajudam também.
No começo da madrugada, o BoJ manteve a taxa de curto prazo para depósitos em -0,1% e a faixa de variação do juro do JGB de 10 anos no intervalo de -0,50% a +0,50%, mas ajustou sua política de controle da curva de juros do JGB para garantir "maior flexibilidade".
Além do avanço da moeda japonesa, o juro do bônus do governo do Japão (JGB, pela sigla em inglês) de 10 anos atingiu mais cedo o maior nível desde setembro de 2014. O presidente do BoJ, Kazuo Ueda, disse que a flexibilização não significa uma mudança na atual postura de relaxamento monetário. Na China, os mercados de ações foram beneficiados hoje por novos sinais de estímulos para impulsionar as vendas de imóveis no país.
Os investidores analisam ainda dados locais já divulgados. A taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,0% no trimestre encerrado em junho, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou abaixo da previsão de 8,2% calculada a partir da mediana das estimativas de especialistas colhidas pelo Projeções Broadcast. As projeções para a taxa de desemprego variavam entre 8,0% e 8,4%.
O Banco Central informou que o setor público teve déficit primário de R 48,899 bi em junho, pior que a mediana das estimativas (-R$ 44,40 bi).
O IGP-M em julho trouxe deflação menor, de 0,72% em julho, após queda de 1,93% em junho. O indicador acumula baixa de 7,72% nos últimos 12 meses e no ano, de 5,15%. A deflação de julho foi menor que a mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de 0,74%, mas ficou no intervalo, de -1,00% a 0,30%.
O Índice de Confiança do Comércio (Icom) caiu 2,6 pontos na passagem de junho para julho, para 91,6 pontos. Em médias móveis trimestrais, o indicador avançou 2,7 pontos, quarto resultado positivo consecutivo.
O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 1,4 ponto na passagem de junho para julho, na série com ajuste sazonal, o quinto avanço seguido, para 98,0 pontos. Em médias móveis trimestrais, o índice aumentou 1,9 ponto.
Na quinta-feira, 27, o mercado de juros consolidou a aposta de corte da Selic na próxima quarta-feira, com 70% das casas consultados pelo Projeções Broadcast esperando corte de 25 pontos-base, para 13,50%, e 30% colocando as fichas em -50 p.b. O ciclo de cortes deve terminar em setembro de 2024, com a taxa básica de juro em 9,0%. O dólar pode ter um dia mais volátil ante o real diante da disputa pela formação da Ptax de julho, que será definida na segunda-feira.
Na seara político-corporativa, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) negocia junto ao governo Lula um espaço na Petrobras (BVMF:PETR4) para o embaixador do Brasil em Portugal, Raimundo Carreiro. O ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) chegou ao país europeu por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas quer retornar ao Brasil. As tratativas acontecem no momento em que o PT quer mudanças na Petrobras para ocupar as diretorias com gente mais próxima à sigla, como informou a Coluna do Estadão. Além disso, a estatal vive em clima de cotoveladas, com o presidente Jean Paul Prates mal avaliado por Lula e às turras com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Às 9h24 desta sexta, o dólar à vista caía 1,05%, aos R$ 4,7101. O dólar para agosto recuava 0,72%, aos R$ 4,7120.