Investing.com - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), declarou nesta segunda-feira em São Paulo, durante o Exame Fórum 2019, que investidores europeus têm uma visão política na hora de realizar investimentos e que, no momento, a imagem brasileira está bastante arranhada por conta das polêmicas criadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Na Europa, é um problema grave. Países como França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha e até mesmo Portugal estão atentos ao que tem acontecido por aqui. O Brasil não precisa de enfrentamento, precisa de diálogo. Não se fala mal da mulher de ninguém, muito menos da de um presidente de um país”, disse o governador durante o evento na capital paulista.
Para Doria, o presidente Bolsonaro deveria brigar menos e evitar antecipar o processo eleitoral, destacando que o momento é gestão e não para polemizar. Falando dos consumidores europeus, Doria destacou que eles são muito politizados e, caso decidam por alguma razão não comprar um determinado produto brasileiro, não vão comprar.
Doria também falou do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo-SP), dizendo o ideal seria dar um passo atrás e evitar polêmicas que podem ser prejudiciais ao país como um todo. O governador voltou a destacar que somente com o diálogo, e sem radicalismo, que a democracia será fortalecida.
Em contrapartida, o tucano destacou que a China não tem olhar político e ambiental na definição de investimentos, que estão em busca de parceiros para minimizar os efeitos da guerra comercial com os Estados Unidos: “a China vai encontrar outros parceiros. O Brasil é um grande parceiro eles escolheram para investimentos em infraestrutura, tecnologia e serviços” disse o governador.
Pacto Federativo
Participando do mesmo evento, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), defendeu que uma das formas de melhorar o equilíbrio fiscal dos estados é por meio da mudança no pacto federativo, uma vez que a União acaba concentrando grande parte dos recursos arrecadados no país.
“É uma questão que aconteceu em todos os últimos governos, com a União cada vez ficando com mais recursos e os estados e municípios como menos. E dai surge o problema que parte do funcionalismo de cada estado tem sua remuneração definida pela União. O salário de juiz estatual é reajustado sempre que muda no da União, isso sem contar o efeito cascata”, disse Costa.
No entendimento dele, cada um dos estados deveria ter maior autonomia para definir a política salarial de seu funcionalismo. Ele dá o exemplo do reajuste de 16% dado ao judiciário federal no ano passado, que impactou não só o judiciário estadual, como também o Ministério Público, a Defensoria Pública e as promotorias estaduais.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, vai no mesmo caminho no que diz respeito ao federalismo. Para eles, os estados deveriam ter maior autonomia para realizar concessões e privatizações em seu território. Como exemplo, ele citou a Companhia Docas do Rio de Janeiro, que tem um porto que está ultrapassado e precisa de investimentos, mas que está na pauta do governo federal apenas para 2021.
Credibilidade
Witzel falou também da situação fiscal do Rio de Janeiro, que, para ele, mais do que um problema econômico, o estado passou por um problema de confiança, citado a prisão de governadores, de conselheiros do Tribunal de Contas e de deputados estaduais, além do alto índice de criminalidade.
“O que o Rio de Janeiro precisa é de um ambiente de negócios mais atrativo, e hoje já conseguimos um cenário melhor do que tínhamos no passado. O estado tem que buscar parceiros e não sócios. A parte financeira é possível se resolver com o que será produzido com petróleo e gás nos próximos anos. Mas também temos que atrair novos investimentos e o combate a violência, com a queda no número de homicídios na baixada fluminense é um exemplo do que está sendo conquistado”, disse o governador.
Também participaram do Exame Fórum 2019 os governadores do Ceará, Camilo Santana (PT) e Hélder Barbalho (DEM), do Pará.
O evento
O EXAME Fórum 2019 acontece nesta segunda-feira em São Paulo, reunindo algumas das principais lideranças da política, da economia e dos negócios do país para debater como recuperar o foco no desenvolvimento.
Entre os temas que serão abordados durante o encontro estão os desafios da segurança pública, a renovação na política, as perspectivas econômicas, a recuperação dos estados e os próximos passos para o Brasil avançar.