Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - As ações da Eletrobras (SA:ELET3) operavam em alta na B3 nesta quarta-feira, um pouco acima dos ganhos do Ibovespa hoje. A edição de hoje do jornal Valor Econômico informa que o governo voltou a cogitar o emprego de golden shares para retomar o processo de privatização da estatal, retornando à proposta inicial de venda da companhia durante o governo Temer, mas que não foi adiante com a equipe econômica do atual governo, que prevê perda de valor com a medida. “Golden shares” são ações de classe especiais que dão determinados direitos de veto ao governo em decisões estratégicas da companhia, mesmo sob governança privada.
Por volta das 14h30, as ações ordinárias da estatal operam em alta de 1,76% a R$ 34,09, enquanto as preferenciais subiam 1,84% a R$ 34,82. O Ibovespa avançava 1,55% a 99.272 pontos.
O retorno das golden shares é uma das duas propostas que o governo negocia com parlamentares no projeto de lei, já enviado ao Congresso, que dá aval à venda da elétrica. Outra mudança estudada pela equipe do governo é a criação de um fundo para investimentos na região Norte, semelhante ao fundo de revitalização do rio São Francisco que beneficia a região Nordeste. O fundo seria com valores de parte da outorga a ser paga pela própria Eletrobras. Segundo o jornal, as mudanças já são negociadas entre o governo federal e os parlamentares.
Se aplicadas, as golden shares poderiam ajudar a acelerar o processo de privatização da companhia, que não tem tido avanços no Congresso.
A venda da estatal é uma das prioridades na agenda de privatizações do ministério da Economia, e pesquisas encomendadas pela Eletrobras ainda durante o governo Temer concluíram que o emprego do dispositivo de golden share causa um grande aumento no apoio de deputados e senadores à privatização.
O principal ponto negativo do mecanismo apontado por seus opositores é uma possível redução no valor da empresa. O governo defende a venda por meio do processo de capitalização, em que novas ações da estatal serão vendidas no mercado sem mais aportes da União, que preservaria o volume atual de ações que detém na elétrica, mas sem ter a maioria para deter o controle. Além do fundo, o dinheiro da capitalização seria destinado para renovação de concessões de sua usinas hidrelétricas por 30 anos, permitindo a venda de eletricidade por preços de mercado, e não mais por capitalização.