SÃO PAULO (Reuters) - A Embraer (BVMF:EMBR3) está voltando ao mercado chinês com um acordo para converter jatos de passageiros em cargueiros em parceria com uma empresa local da cidade de Lanzhou, informou a fabricante brasileira de aviões nesta quarta-feira.
A expectativa pelo anúncio de novos negócios na China era alta desde a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país asiático em abril. Na ocasião, ele apoiou publicamente os esforços da Embraer para retornar a um mercado onde a empresa vinha enfrentando dificuldades para obter novos acordos desde o fechamento de uma joint venture em Harbin, em 2016.
Alguns esperavam que a volta à China pudesse ocorrer com vendas de aeronaves para uma companhia aérea local, mas a Embraer anunciou durante o Paris Air Show ter assinado um acordo com a Lanzhou Aviation para a conversão de 20 aeronaves de passageiros E190-F e E195-F para cargueiros.
"É um mercado com demanda crescente por aeronaves de carga, resultado do expressivo crescimento do e-commerce e com consequências positivas para o setor de logística", disse o presidente-executivo de aviação comercial da Embraer, Arjan Meijer.
"Estamos confiantes neste mercado com grande potencial".
Um dia antes, a Embraer já havia anunciado novos pedidos da American Airlines (NASDAQ:AAL) e da companhia aérea espanhola Binter por aeronaves comerciais, que totalizam cerca de 1 bilhão de dólares a preço de tabela.
Os detalhes financeiros do acordo de Lanzhou não foram divulgados.
A Embraer disse em comunicado que as empresas pretendem cooperar no estabelecimento da capacidade de conversão do E190-F e E195-F em Lanzhou, acelerando a introdução da primeira geração de cargueiros E-Jet no mercado chinês.
A Embraer prevê que a demanda por esses jatos chegue a cerca de 700 cargueiros nos próximos 20 anos, sendo a China responsável por 240, e disse que o acordo em Lanzhou é um "forte indicador" dessa demanda.
Terceira maior fabricante de aviões do mundo, depois da Airbus (EPA:AIR) e Boeing (NYSE:BA), a Embraer possui atualmente 85 aeronaves E-Jet operando na China, com as companhias aéreas Tianjin, Hebei, Beibu Gulf e Colorful Guizhou.
(Reportagem de Gabriel Araujo)