Por Susanna Twidale
LONDRES (Reuters) - As emissões globais de dióxido de carbono (CO2) relacionadas à energia atingiram um recorde no ano passado, impulsionadas em parte pelo aumento do uso de combustíveis fósseis em países onde as secas prejudicaram a produção de energia hidrelétrica, informou a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) nesta sexta-feira.
Serão necessários cortes acentuados nas emissões de CO2, principalmente da queima de combustíveis fósseis, nos próximos anos para que sejam atingidas as metas de limitar o aumento global das temperaturas e prevenir a mudança climática descontrolada, afirmam cientistas.
"Longe de caírem rapidamente -- como é necessário para cumprir as metas climáticas globais estabelecidas no Acordo de Paris -- as emissões de CO2 atingiram um novo recorde", disse a IEA em um relatório.
As emissões globais do setor de energia aumentaram em 410 milhões de toneladas, ou 1,1%, em 2023, chegando a 37,4 bilhões de toneladas, segundo a análise da AIE.
A expansão global de tecnologias limpas, como a eólica, solar e de veículos elétricos, ajudou a conter o crescimento das emissões, que foi de 1,3% em 2022. No entanto, a reabertura da economia chinesa, o aumento do uso de combustíveis fósseis em países com baixa produção de energia hidrelétrica e a recuperação do setor de aviação levaram a um aumento geral, afirmou a IEA em seu relatório.
Os movimentos para substituir a perda de geração de energia hidrelétrica devido a secas extremas foram responsáveis por cerca de 40% do aumento das emissões, ou 170 milhões de toneladas de CO2, segundo o relatório.
"Sem esse efeito, as emissões do setor elétrico global teriam caído em 2023", disse a IEA.
As emissões relacionadas à energia nos Estados Unidos caíram 4,1%, sendo a maior parte da redução proveniente do setor elétrico, de acordo com o relatório.
Na União Europeia, as emissões de energia caíram quase 9% no ano passado, impulsionadas por um aumento na geração de energia renovável e uma queda na geração de energia a carvão e a gás.
Na China, as emissões de energia aumentaram 5,2%, com o crescimento da demanda à medida que o país se recuperava dos bloqueios relacionados à Covid-19, segundo o relatório.
A China, no entanto, também contribuiu com cerca de 60% dos acréscimos globais de energia solar, eólica e veículos elétricos em 2023, disse a AIE.
Globalmente, os veículos elétricos foram responsáveis por uma em cada cinco vendas de carros novos em 2023, atingindo 14 milhões e um aumento de 35% em relação ao nível de 2022.
(Reportagem de Susanna Twidale)