Um novo apagão que atinge a cidade de São Paulo e região metropolitana desde 6ª feira (11.out.2024) ainda deixa cerca de 760 mil unidades consumidoras sem luz na capital paulista, segundo atualização da Enel (BIT:ENEI). Este é o 2º grande blecaute que atinge a cidade em 1 ano, mas problemas na distribuidora não se restringem ao Estado.
A Enel é uma companhia italiana, ainda com participação estatal do governo da Itália, que assumiu as operações da Eletropaulo (BVMF:ELPL3) em 2018. É considerada a maior distribuidora de energia elétrica do país em número de consumidores. No Brasil, tem operações em São Paulo, Rio de Janeiro e Ceará.
A empresa também prestava serviços em Goiás, mas em 2022 foi vendida para a Equatorial (BVMF:EQTL3). Segundo o governo do Estado, a venda foi um movimento da Enel para evitar o cancelamento do contrato devido ao descumprimento por 2 anos consecutivos das metas de melhoria de serviço acordado com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Esse é apenas um dos casos em que a empresa demonstrou falhas no provimento de serviço. Problemas também já foram relatados em cidades do Rio de Janeiro como Paraty, Niterói e Petrópolis.
Em novembro de 2023, a prefeitura de Niterói disse que iria processar a concessionária por atrasos na retomada de fornecimento de energia elétrica. Na ação, o município pediu que a empresa adotasse soluções emergenciais para normalizar a situação em casas que estavam sem luz devido às fortes na região metropolitana do RJ.
Em Paraty, o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) conseguiu uma decisão em ação civil pública que a concessionária de energia elétrica promovesse melhorias do serviço na cidade.
Segundo o órgão, dados técnicos de 2016 a 2023 demonstraram as “constantes interrupções do serviço de energia, bem como o descumprimento de normas, metas e limites regulatórios relativos ao padrão técnico de qualidade do serviço impostos pela Aneel”.
Em fins de novembro de 2023, 66 prefeitos de cidades do Rio de Janeiro chegaram a se reunir para discutir a prestação de serviços da empresa e o futuro da concessão nesses municípios.
No Ceará, a situação da empresa não é diferente, e também há casos de falhas na prestação de serviço.
Em julho de 2024, o MP-CE (Ministério Público do Ceará) instaurou um procedimento administrativo para fiscalizar a prestação de serviço fornecido pela Enel no município de Eusébio depois que moradores relataram quedas e oscilações constantes na tensão.
Em setembro, depois de análise de indicadores de qualidade divulgados pela Aneel, o Decon (Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor) do MP-CE instaurou novo procedimento contra a Enel para apurar possível piora nos serviços de fornecimento de energia à população cearense.
SÃO PAULO
Em novembro de 2023, São Paulo passou por um apagão de grandes proporções que deixou a cidade e região metropolitana sem luz por 4 dias. O blecaute foi resultado do temporal registrado em diversas cidades do Estado e que deixou 7 pessoas mortas.
À época, cerca de 4 milhões de pessoas ficaram sem luz por causa do temporal. Em março deste ano, o abastecimento de energia da Enel em São Paulo foi interrompido novamente e moradores do centro da cidade ficaram sem luz. O apagão também afetou o funcionamento da Santa Casa.
O OUTRO LADO
O Poder360 entrou em contato com a Enel. A empresa disse “que está fazendo os investimentos necessários para aumentar a qualidade dos serviços, em linha com as expectativas das autoridades e dos consumidores brasileiros”. Segundo a Enel, a companhia vai investir US$ 3,7 bilhões (R$ 20 bilhões) nas 3 áreas de concessão.
Leia a íntegra da nota da Enel:
“A Enel reitera seu compromisso com a sociedade em todas as áreas em que atua e reforça que está fazendo os investimentos necessários para aumentar a qualidade dos serviços, em linha com as expectativas das autoridades e dos consumidores brasileiros. Para o período 2024-2026, a Enel vai investir no Brasil US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões, consi-derado o câmbio atual). Deste total, aproximadamente 80% serão investidos em distribuição de energia.
“Em suas três áreas de concessão (Rio de Janeiro, Ceará e São Paulo), a companhia está implementando um robusto plano de investimentos, focado no fortalecimento e na modernização das redes, na automação dos sistemas e na ampliação da capacidade dos canais de comunicação com os clientes, além da mobilização antecipada de equipes em campo em caso de contingências. O plano contempla também um aumento significativo do quadro de eletricistas próprios, que já está em andamento.”