Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Eneva (BVMF:ENEV3) teve um prejuízo líquido 290,6 milhões de reais no quarto trimestre de 2023, devido a impacto não recorrente, ante resultado negativo de 193,9 milhões de reais registrado no mesmo período de 2022, mostrou balanço divulgado nesta quinta-feira.
O resultado sofreu impacto de uma baixa contábil de 432 milhões de reais referente ao refinanciamento da dívida de sua usina térmica Celse, que permitiu a redução do montante de dívida financeira do ativo.
No período, entretanto, a companhia registrou a maior receita da história, assim como o melhor lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado para o período entre outubro e dezembro.
"A gente teve uma redução de custos importante... os ativos performaram melhor e um maior despacho térmico", afirmou à Reuters o diretor financeiro da companhia, Marcelo Habibe, pontuando os principais fatores que impulsionaram o resultado.
O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado alcançou 1 bilhão de reais, avanço de 88,6% frente ao mesmo período de 2022.
As despesas gerais e administrativas da companhia caíram 121 milhões de reais no trimestre na comparação com o mesmo período de 2022 e os custos fixos totais das operações diminuíram 95 milhões de reais no período, mostrou a empresa.
O crescimento do Ebitda foi impulsionado, também, por melhorias realizadas no Sistema Integrado de Azulão-Jaguatirica, com o aumento da disponibilidade e maior geração na usina Jaguatirica II, além do crescimento das margens fixas e variáveis em diversos segmentos como reflexo de iniciativas de otimização e eficiência.
Também contribuiu para o resultado do período a geração do Complexo Solar Futura 1, em Juazeiro (BA), que entrou em operação em maio de 2023 e cujo processo de estabilização também foi concluído ao longo do quarto trimestre de 2023.
Habibe destacou que o quarto trimestre da Eneva foi marcado pela volta do despacho de suas usinas térmicas, em um período de muito calor e poucas chuvas, gerando recorde no consumo de energia no sistema elétrico brasileiro.
"As térmicas deixaram de ser aquele bichinho feio, para se tornar um bicho extremamente necessário", disse Habibe, pontuando que a Eneva foi acionada para ligar todo o parque de Parnaíba e quase todas suas usinas para atender o Brasil e contribuir com a estabilidade do sistema durante o período.
A receita líquida da empresa no quarto trimestre somou recorde de 2,7 bilhões de reais, alta de 17,6% na comparação com a mesma etapa em 2022.
A Eneva teve no trimestre uma geração bruta total de energia de 2.379 GWh, valor 32% maior que o mesmo período de 2022.
Habibe afirmou também que a Eneva cumpriu compromisso de acelerar a trajetória de desalavancagem ao longo do ano passado, saindo de uma posição de dívida liquida sobre Ebitda de 4,82 vezes no final de 2022 para 3,99 vezes em dezembro de 2023.
PARA 2024
Para o ano, Habibe afirmou que a empresa planeja buscar a compra de ativos da Eletrobras (BVMF:ELET3), além de participar de um leilão para contratação de potência elétrica previsto para 30 de agosto.
O executivo afirmou que a empresa planeja fazer uma oferta por térmicas da Eletrobras colocadas à venda, e que neste momento está avaliando os valores que poderão ser apresentados.
"A gente vai tomar uma decisão de quanto a gente vai oferecer de preço. Participar, a gente vai", confirmou Habibe.
Já no leilão para contratação de potência do governo, a Eneva planeja recontratar por mais 15 anos suas usinas térmicas Parnaíba I e Parnaíba V, cujos contratos vencem no fim de 2027.
Além disso, a empresa avalia negociar no leilão projeto de expansão da térmica Celse, que pode chegar a 1,2 gigawatt.
"Se o leilão for bom... se tiver demanda, se o preço for adequado, a gente vai com esse segundo projeto, esse projeto de expansão, que é investimento na companhia, e aumento de parque", afirmou.
Habibe afirmou ainda que prevê concluir ainda neste semestre processo que prevê a venda de participação ou da totalidade de seu portfólio de geração de energia renovável.
(Por Marta Nogueira)