Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A companhia de agroquímicos Adama, controlada pela chinesa ChemChina, prevê elevar o faturamento neste ano no Brasil em cerca de 20 por cento, para até 580 milhões de dólares, após lançar novos produtos e avançar na área de agricultura digital.
A expansão na receita se dá em meio a um programa de investimentos de até 50 milhões de dólares entre 2017 e 2021, voltado à ampliação da capacidade de produção nas duas unidades da Adama no país, em Londrina (PR) e Taquari (RS).
Figurando entre as cinco maiores do setor de defensivos no Brasil, atrás de gigantes como Bayer e Syngenta, a Adama tem buscado reforçar sua posição no mercado nacional, que gira em torno de 10 bilhões de dólares.
"Nos últimos dois anos, a gente vem de grandes crescimentos. Não queremos ser a maior (no país), mas a preferida", disse à Reuters o presidente da Adama Brasil, Rodrigo Gutierrez.
"Criamos ferramentas que ajudam o produtor a otimizar a operação de sua fazenda, que ajudam-no a usar melhor ou até menos defensivos", acrescentou o executivo, que já teve passagens pela Bayer e Monsanto.
Em meio a esse cenário, a companhia com sede em Israel lançou no mês passado um nematicida com diferencial de ter um nível de ação baixo sobre outros organismos presentes no solo.
Antes disso, em meados de 2017, a empresa já havia anunciado um fungicida destinado ao combate da ferrugem asiática, principal doença da soja.
De acordo com Gutierrez, a oleaginosa é, com efeito, "o principal mercado" para a Adama no país, mas a empresa também tem crescido em outras culturas, com destaque para cana-de-açúcar e trigo.
As vendas de defensivos respondem por cerca de 90 por cento do faturamento da companhia no Brasil.
Para este ano, a expectativa da empresa no Brasil é de que 20 por cento de suas negociações com produtores sejam via "barter", que envolve a compra de insumos com pagamento futuro em colheita, ante cerca de 11 por cento em 2017, disse o executivo.
MAIS TECNOLOGIA
Além desses defensivos, que devem contribuir para a alta no faturamento em 2018, a Adama Brasil também aposta em outra novidade para impulsionar sua receita: o Adama Air, produto que está entre as soluções técnicas oferecidas aos produtores pela empresa.
Com investimentos de 3 milhões de reais só no Brasil, a tecnologia, desenvolvida em Israel, consiste de uma barra acoplada em aviões que pulverizam lavouras e contribui para uma adequada aplicação dos produtos.
"Essa tecnologia reduz a deriva na pulverização de áreas", disse Gutierrez, explicando a efetividade da aplicação.
De acordo com o presidente da Adama Brasil, tal tecnologia deve receber o sinal verde da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) até julho.
Sexta maior companhia de agroquímicos do mundo, com faturamento global de 3,3 bilhões de dólares em 2017, a Adama também opera no segmento de bioestimulantes e fertilizantes foliares, além do "digital farming".
No Brasil, país que responde por cerca de um quinto da receita da companhia, a Adama foi constituída a partir de duas empresas, a Hibertécnica e a Defensa, surgidas na década de 1970.
Em 2011, a ChemChina adquiriu fatia majoritária na empresa com ações negociadas em bolsa na China, detendo, atualmente, 79 por cento da Adama.