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ENTREVISTA-SLC vê alto potencial para safra 20/21 apesar de atraso no plantio da soja

Publicado 28.10.2020, 16:50
© Reuters. Cultivo de soja em Primavera do Leste (MT)
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Por Nayara Figueiredo

SÃO PAULO (Reuters) - Depois de largar as primeiras sementes de soja ainda "no pó" em meio a uma severa seca, a SLC Agrícola (SA:SLCE3) acredita que há potencial para uma temporada positiva em 2020/21 com o retorno das chuvas, tanto para a oleaginosa no verão quanto para a segunda safra, de milho e algodão.

A companhia, uma das principais produtoras de grãos do país, optou por iniciar 5% do plantio por volta do dia 10 de outubro, ainda durante a estiagem, em unidades de Mato Grosso que têm o algodão como cultura de segunda safra, para não afetar muito a janela ideal da pluma.

"Plantamos no solo seco, mas com previsão de chuva para dois dias depois. Devemos acabar a semeadura em novembro, o que fica dentro da melhor janela em termos de potencial para a soja", disse à Reuters o diretor de operações da SLC, Gustavo Lunardi.

Com isso, a projeção inicial é de que a colheita da companhia comece a tomar forma entre os dias 10 e 15 de janeiro. O executivo contou que, no ciclo passado, os trabalhos iniciaram em 5 de janeiro, o que significa um atraso médio de 10 dias para esta temporada.

"Apesar desse início com um pouco de atraso, a safra 2020/21 projeta um potencial muito bom. Estamos muito confiantes", afirmou Lunardi.

Segundo ele, a operação ficará mais "ajustada", porém até o momento não há nenhuma perspectiva de perdas, inclusive para a "safrinha".

"Pensando em algodão e milho segunda safra, em tese, também vamos ter um ano positivo. O fenômeno La Niña é de intensidade moderada... haverá um reflexo do atraso da soja na implantação dessas culturas, mas isso é perfeitamente manejável", disse.

Ele admitiu que há um aumento de risco para a safrinha, com chance de perda de produtividade, caso não venham chuvas em maio.

Mas na hipótese de uma condição "normal" e que, segundo ele, é o que está desenhado até o momento, o impacto pode ser "praticamente nenhum".

Questionado sobre os números de área planejados pela SLC para plantio em 2020/21, Lunardi disse que não pode dar mais detalhes até a divulgação do próximo balanço financeiro, marcada para novembro.

O executivo antecipou apenas que há um incremento planejado para o milho, em função do alto patamar de remuneração pelo cereal. "Na soja, estamos com um percentual ligeiramente maior nas áreas que usamos para fazer sementes, respeitando uma política de agregação de valor."

Em 2019/20, a SLC plantou 235,4 mil hectares de soja, 125,46 mil hectares de algodão e 82,39 mil hectares de milho segunda safra, conforme dados do balanço mais recente.

REFORÇO TECNOLÓGICO

No Brasil, em geral, o atraso no início do plantio da soja foi o maior em dez anos, segundo a consultoria AgRural. E, apesar do retorno das chuvas, há preocupação quanto a escassez na oferta de soja em janeiro.

Em Mato Grosso, o consenso é de que as condições ficaram apertadas para produtores que fazem segunda safra.

No caso da SLC, um dos fatores que contribui para a manutenção do potencial produtivo da safrinha, diante das adversidades climáticas, é a adoção de reforço na tecnologia embarcada nas lavouras.

"Fizemos um trabalho forte nessa safra 2020/21 de melhoria dos pacotes tecnológicos. As variedades de algodão (por exemplo) são superiores às da safra passada. E estamos com um pacote de defensivos agrícolas mais potente", comentou o diretor.

Ele conta que a companhia aproveitou a oportunidade de preços mínimos de fósforo e potássio para fazer suas compras, o que também representa um reforço a mais na fertilização.

© Reuters. Cultivo de soja em Primavera do Leste (MT)

"À medida que você tem solos mais férteis, você tem plantas mais resistentes a qualquer tipo de estresse climático", explicou.

Quanto ao patamar de comercialização, Lunardi evitou detalhar e disse apenas que os percentuais estão avançados, em níveis maiores do que os vistos no ciclo anterior.

No Brasil, estima-se que a colheita de soja poderá começar com até 70% da produção comercializada, segundo avaliação da StoneX.

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