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EXCLUSIVO-Sinergias tornam acordo entre Suzano e IP cada vez mais provável

Publicado 31.05.2024, 09:28
© Suzano
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Investing.com - A proposta da Suzano (BVMF:SUZB3) para adquirir a International Paper (NYSE:IP) ganhou novos contornos e parece cada vez mais provável. Isso porque a combinação de melhores opções de financiamento e a possibilidade de a gigante brasileira de celulose oferecer ações da nova empresa como parte do pagamento pode ajudar a fechar a lacuna entre as duas companhias.

Inicialmente, a Suzano havia oferecido US$ 42 por ação para a aquisição total da IP, um valor que representava um pequeno prêmio sobre o preço atual da gigante americana de papel.

Dado o recente progresso da IP sob a liderança do novo CEO, Andrew Silvernail, os analistas e investidores cautelosos estavam estimando que uma oferta bem-sucedida precisaria estar na faixa de US$ 50 por ação. Esse valor, em teoria, estaria fora do alcance da Suzano devido ao alto nível de dívida da empresa brasileira.

Além disso, a fusão em andamento da IP, no valor de US$ 10 bilhões, com a DS Smith (LON:SMDS), sediada em Londres, representa outro obstáculo para a aquisição. Isso ocorre principalmente por dois motivos: a alta taxa de desmembramento de US$ 221 milhões e as sinergias próprias do negócio, que são vistas como vantajosas para os acionistas da IP.

No entanto, novos desenvolvimentos do lado da Suzano podem estar mudando as perspectivas do negócio, sugerindo que o Conselho de Administração da IP pode se ver obrigado a aceitar uma oferta de US$ 50,00 se a empresa brasileira de celulose conseguir estruturar o financiamento necessário.

Relatórios recentes indicam que, embora a parte em dinheiro do acordo permaneça inalterada em US$ 42 por ação, a Suzano pode adicionar ações da nova empresa à oferta, potencialmente elevando o valor para cerca de US$ 52 por ação - 40% acima do último preço de fechamento da IP antes que o interesse da Suzano fosse divulgado pela mídia.

Nesse cenário, a IP ainda controlaria cerca de 21% da nova empresa, de acordo com um relatório recente da Wells Fargo (NYSE:WFC).

Opções de financiamento melhoram

Embora a oferta ainda resulte em uma elevada alavancagem para a empresa brasileira, as condições de financiamento com taxas reduzidas poderiam atenuar essa situação. A Suzano está em discussão com os bancos japoneses Mizuho, Nomura e Mitsubishi para captar parte dos recursos necessários.

A outra parcela, conforme apontam os analistas, poderia ser fornecida pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) do Brasil. Historicamente, a Suzano já utilizou o suporte do banco para adquirir a concorrente Fibria (BVMF:FIBR3) Celulose, numa transação de aproximadamente US$ 4,5 bilhões, considerando a taxa de câmbio de 2018.

Um fator crucial para mudanças seria a listagem da nova empresa na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Esta medida poderia elevar o rating e o preço-alvo da Suzano, impulsionados por um EBITDA superior à média e pelas métricas de avaliação do setor, especialmente devido aos múltiplos mais baixos da bolsa brasileira, onde atualmente são negociadas as ações da Suzano.

Sinergias elevam a empresa a novo patamar

O principal elemento nesse contexto é a sinergia gerada pela fusão. Segundo analistas ouvidos pelo Investing.com, a união da vasta produção da Suzano com a forte presença da IP no mercado de papel e embalagens nos EUA e na Europa formaria um colosso no setor de celulose e papelão, com vantagens competitivas destacadas.

"Este acordo está em consonância com as tendências e teorias econômicas atuais", comenta Rafael Barisauskas, economista sênior para a América Latina na Fastmarkets.

Dentre os aspectos positivos, destaca-se a rápida entrada da Suzano nos mercados europeu e americano, uma jogada que, diante das robustas vantagens operacionais e dos custos reduzidos da empresa brasileira, apresentaria uma competição acirrada.

O banco Itaú (BVMF:ITUB4), no Brasil, estima que, na empresa resultante da fusão, papel e embalagens (segmentos de maior rentabilidade) poderiam representar quase 45% da margem EBITDA consolidada, em contraste com os atuais 15%.

A diversificação da carteira de vendas também reforçaria a resiliência da empresa, diminuindo sua dependência do mercado chinês, que hoje lidera o crescimento global da demanda por celulose.

A estratégia está alinhada com a tendência de consolidação no setor de papel e celulose, vista como uma das principais vias de expansão nos últimos anos. "A integração vertical e horizontal é uma tendência no setor, seja através de fusões dentro das cadeias existentes ou buscando novos mercados", explica Barisauskas.

Lado do patrimônio líquido também é atraente

Do ponto de vista do patrimônio, a oferta pareceria vantajosa para o conselho da IP, que precisaria escolher entre capitalizar um prêmio de 35-40% ou buscar um crescimento de longo prazo com a aquisição da DS.

Contudo, dado que os múltiplos atuais da IP superam significativamente sua média histórica, a primeira opção se mostra ainda mais atraente.

As análises atuais também sugerem que a proposta beneficiaria os acionistas da IP em termos de risco, especialmente no que tange ao múltiplo EV/EBITDA, que excederia a média presente e passada da IP.

Adicionalmente, os investidores da IP reconhecem que uma parte significativa de sua alavancagem no negócio poderia ser mitigada, caso o mercado se ajuste nos próximos meses, o que provavelmente reduziria o preço das ações durante o processo de fusão.

Conclusão

À medida que o acordo se mostra mais favorável para a Suzano, dois fatores cruciais permanecem em discussão. Primeiro, o Conselho da IP precisará decidir se prefere aproveitar o prêmio elevado agora ou confiar no plano de recuperação de longo prazo proposto por Silvernail. As condições de mercado terão um papel significativo nessa decisão, que pode mudar rapidamente caso optem pela alternativa mais arriscada.

Por outro lado, a liderança da Suzano deve convencer o Conselho de Administração da IP sobre as sinergias prováveis do acordo, persuadindo-os de que deter 20% da nova empresa, além do capital imediato, representa a melhor escolha no momento.

Apesar das incertezas, os últimos dados indicam que a balança está se inclinando a favor do plano da Suzano, principalmente pela determinação da empresa brasileira em concretizar o negócio.

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