Com a descompressão da curva após o Tesouro reduzir a oferta de pré-fixados e concentrá-la no trecho curto, os agentes do mercado de juros futuros voltaram-se novamente para a assimilação das mensagens sobre a política monetária americana, que constam da ata do Federal Reserve, divulgada ontem. E, uma vez que o investidor internacional aplacou excessos da véspera, o doméstico fez movimento semelhante, fazendo as taxas refluírem.
Ao fim da sessão de quinta-feira, 20, o mercado mais que devolveu o movimento de anteontem e ontem. Não que as dúvidas sobre inflação, especialmente no cenário doméstico, não preocupem. A visão que emerge, contudo, é de que as taxas já estão com bastante prêmio embutido.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou com taxa de 4,99%, de 5,01% ontem. O janeiro 2023 passou de 6,844% a 6,75%. O janeiro 2025 foi de 8,346% a 8,23%. E o janeiro 2027 recuou de 8,924% a 8,82%.
O drive externo foi a assimilação do conteúdo da ata do Fed. Emergiu hoje, no mercado internacional, duas questões: o documento registra uma percepção pré-CPI de abril, que veio mais forte que o esperado; e ela abarca um período anterior ao decepcionante relatório de emprego do quarto mês do ano.
No caso do primeiro ponto, o Fed reafirma que não vê índices isolados, mas tendências, e que essas mostram pressão transitória. No caso do segundo, portanto, é que pairam as dúvidas daqui adiante.
"Independentemente das expectativas de decolagem, há um acordo de que os dados domésticos precisam demonstrar a criação robusta de empregos para a meta de progresso substancial do Fed", escreveu o estrategista-chefe de renda fixa do BMO, Ian Lyngen.
Internamente, o foco inicial era o leilão do Tesouro, que costuma trazer ruídos às taxas. Porém, quando o órgão divulgou volume menor de LTN, concentrado na ponta curta, acabou por tirar pressão da curva.
Foi vendida toda a oferta de LTN - 14 milhões, divididos em 5 milhões para 1/1/2022, 4,5 milhões para 1/1/2023 e 4,5 milhões para 1/7/2024. Na semana passada, o Tesouro ofertou no vértice 2023 um total de 7,5 milhões de títulos.