Investing.com - As cotações dos papéis da Cielo (SA:CIEL3) estão sob efeito gangorra na manhã desta quarta-feira no Ibovespa. A companhia de adquirência de cartões iniciou o dia em forte queda de quase 4% sob influência do resultado do primeiro trimestre divulgado na noite de terça-feira, após fechamento do mercado. No entanto, a teleconferência do diretor-presidente Paulo Cafarelli com investidores nesta manhã reverteu a baixa para uma alta de mais de 3%.
As ações da companhia são negociadas a R$ 8,30 às 11:23, baixa de 0,60%. Os papéis da companhia seguem o pessimismo em torno do Ibovespa nesta manhã, que cede a 1,37% com tensão externa e cautela da Previdência.
Resultado e Teleconferência
Cafarelli explicou o resultado do 1º trimestre, que veio abaixo do consenso de mercado no Ebtida e nas receitas. A empresa mostrou lucro R$ 548,5 mi (-45%), Ebitda R$ 828,7 mi (-34%) e receita R$ 2,77 bi (-0,4%).
Sob uma forte concorrência que levaram as ações da empresa despencar mais de 50% em 12 meses, houve uma queda de 15 pontos percentuais na margem Ebtida, para 29,6%, mesmo com crescimento o volume (+3%) e na base instalada (+20%).
Os investidores deram, no entanto, o benefício da dúvida ao executivo, que abordou a reestruturação da adquirência, assim impulsionando a cotação.
Cafarelli prometeu manter a Cielo na liderança e que negociará com bancos a implementação de novos serviços, entre os quais a oferta de terminais grátis aos clientes, pagamentos instantâneos de compras a lojistas e antecipação de recebíveis instantânea – mas com cobrança de uma taxa de deságio. As medidas seguem as recentes iniciativas da concorrência.
Além disso, o executivo também mencionou o interesse da Cielo em participar da concorrência pela parceria da ala de divisões de cartões da Caixa Econômica Federal, que deve acontecer em breve.
Sobre o forte crescimento das despesas com pessoal de vendas, administrativo e de marketing, Cafarelli apontou que triplicou a força de vendas, trazendo mais de 1,5 mil clientes novos por dia. A promessa é aumentar a conquista de novos clientes para um fluxo de 2 mil clientes por dia. Na avaliação do CEO, os preços cobrados pelos processadores de cartões no Brasil ainda devem cair nos próximos meses, não se comprometendo se a Cielo vai atingir a meta de lucro anual.
Recomendação
O BTG (SA:BPAC11) manteve neutra a recomendação sobre o papel em relatório divulgado a clientes nesta manhã, com preço-alvo em R$ 10,50. Analistas do banco apontam que a iniciativa da concorrente Rede, de zerar a taxa de antecipação de recebíveis a pequenos lojistas nas vendas com cartões de crédito à vista, uma ameaça de a Cielo não atingir suas metas de 2019.
A Suno Research recomenda os investidores a se manter afastados das ações da companhia por tempo indeterminado. A casa de análise ressalta a forte concorrência após a medida da Rede, que busca entrar no mercado de pequenas empresas, segmento com liderança de Stone e PagSeguro (NYSE:PAGS) e no qual Cielo está buscando ganhar participação.
Para a Mirae Asset, a expectativa do mercado era que o resultado já viesse com quedas em relações a períodos anteriores, mas os números vieram abaixo do esperado. Mesmo sob a forte concorrência no setor, analistas da corretora recomendam a compra do papel apenas para posições de longo prazo, pois no curto prazo haverá redução de margens.
A XP Investimentos também manteve a recomendação em neutra, com preço-alvo em R$ 10. A corretora não vê espaço para queda em resultados e dividendos.
Já a Eleven Financial está mais pessimista com o papel. A casa de research rebaixou o papel para venda, reduzindo o preço-alvo de R$ 13 para R$ 7,50.
Ações dos concorrentes
A PagSeguro segue a Cielo e opera em baixa de 0,29% a US$ 26,21, enquanto a Stone segue tendência oposta e sobe 3,42% a US$ 26,00. Os dois papéis são negociados em Nova York.
A Linx (SA:LINX3), empresa de software que anunciou recentemente a entrada no mercado de adquirência, sobe 0,97% a R$ 32,31 na B3. A Rede não tem papéis negociados em Bolsa de Valores.