IPCA-15 tem em agosto primeira queda em 2 anos por Bônus de Itaipu e alimentos
Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas recuavam na manhã desta terça-feira, após o presidente Donald Trump anunciar a destituição imediata da diretora do Federal Reserve, Lisa Cook. A decisão acirrou os receios em torno da autonomia da autoridade monetária.
Às 7h30 de Brasília, os futuros do Dow Jones recuavam 57 pontos (-0,12%), enquanto os do S&P 500 perdiam 2 pontos (-0,13%) e os do Nasdaq 100 operava perto da estabilidade, com leve alta de 5 pontos, ou 0,2%.
Os principais índices encerraram a segunda-feira em território negativo, revertendo parte dos ganhos expressivos registrados na sexta-feira. O Dow Jones Industrial Average cedeu 0,8%, o S&P 500 teve baixa de 0,4% e o NASDAQ Composite caiu 0,2%.
No Brasil, os investidores avaliarão novos dados sobre a inflação no país, com a divulgação logo mais do IPCA-15.
1. Fed volta ao centro do debate
O ambiente ficou mais conturbado após Trump divulgar em suas redes sociais uma carta comunicando a exoneração sumária de Lisa Cook. Segundo ele, a decisão foi motivada por suspeitas de fraude hipotecária, apresentadas no início de agosto por William Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional.
Cook rejeitou as acusações e afirmou que não renunciaria ao cargo sob pressão.
A medida marca mais um episódio da escalada de confrontos de Trump contra o banco central, intensificando preocupações sobre interferência política nas decisões de política monetária. Lisa Cook integrava o Comitê de sete membros responsável por definir a taxa básica de juros dos EUA.
A tentativa do presidente de moldar a condução da política monetária já havia se manifestado anteriormente, com pressões públicas para que Jerome Powell reduzisse os juros de forma imediata – movimento que foi rechaçado pelo presidente do Fed.
2. Indicadores em destaque
O mercado segue atento à possibilidade de corte de juros na reunião de setembro, especialmente após a fala de Powell em Jackson Hole na última semana, que foi lida como moderadamente favorável a uma flexibilização.
Nesta terça-feira, investidores acompanham a divulgação dos pedidos de bens duráveis e dos dados de confiança do consumidor. Também estão no radar o Índice de Preços de Casas Case-Shiller e o Índice de Atividade Industrial do Fed de Richmond. Thomas Barkin, presidente do Fed de Richmond, tem discurso previsto para o final do dia.
Já na quinta-feira, destaque para a segunda leitura do PIB do segundo trimestre e para os novos pedidos semanais de seguro-desemprego. O HSBC projeta uma revisão para cima do crescimento anualizado, de 3,0% para 3,2%. Em nota recente, o banco avalia que a confiança do consumidor segue contida e que os pedidos de bens duráveis referentes a julho devem registrar retração.
3. Expectativa por balanço da Nvidia
O clima nos mercados também é de cautela antes da divulgação dos resultados da Nvidia (NASDAQ:NVDA), prevista para quarta-feira. A companhia é vista como referência para o desempenho do setor de inteligência artificial e tecnologia como um todo.
O balanço será divulgado em meio a um cenário de incerteza quanto à sustentabilidade da valorização do setor de IA, que sofreu forte correção na semana passada.
A Nvidia encerra a temporada de resultados do segundo trimestre, período em que os lucros das empresas do S&P 500 cresceram 12,9% na comparação anual, segundo dados da LSEG IBES, bem acima dos 5,8% estimados no início de julho.
Para a Nvidia, espera-se um avanço de 48% no lucro por ação, com receita de US$ 45,9 bilhões no trimestre.
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4. Petróleo recua após forte alta; ouro avança
Os preços do petróleo operavam em baixa, devolvendo parte dos ganhos acumulados na véspera, enquanto os agentes de mercado monitoravam os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia, em busca de sinais de impacto sobre a oferta regional de combustível.
No momento da redação, o contrato futuro do Brent cedia 1,5%, a US$ 67,22 por barril, enquanto o WTI recuava 1,6%, cotado a US$ 63,74.
Na segunda-feira, ambos haviam atingido os maiores níveis em mais de duas semanas, com alta próxima de 2%, após ataques da Ucrânia a infraestrutura energética russa e a expectativa de novas sanções dos EUA ao petróleo russo.
Já os preços do ouro subiam, refletindo a procura por ativos considerados seguros, em meio à escalada das tensões políticas envolvendo o Fed.
O ouro à vista ganhava 0,2%, cotado a US$ 3.373,14 por onça, após alcançar máximas de duas semanas. Já o contrato futuro para entrega em outubro subia 0,1%, a US$ 3.419,35 por onça.
A nova investida de Trump contra o Fed, com a destituição de Lisa Cook, contribui para a percepção de risco institucional e eleva a aversão a ativos sensíveis a incertezas políticas.
5. IPCA-15 no Brasil
O destaque do calendário econômico local é a divulgação do IPCA-15, índice de preços ao consumidor considerado como uma “prévia” da inflação oficial para o mês de agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo levantamento do Poder360 com instituições financeiras, a expectativa é que o indicador registre a primeira deflação desde 2022. Dados compilados pelo Investing.com projetam para este mês uma queda de 0,23%. Em julho, o IPCA-15 subiu 0,33%. A taxa anualizada deve desacelerar de 5,30% para 4,88%, ainda acima do teto da meta de inflação de 4,5% ao ano.
Também teremos a divulgação de dados do setor externo pelo banco central, como transações correntes e investimento estrangeiro direto.